sábado, dezembro 30, 2006

"A Democracia É Fodida"

O título é uma homenagem em vida ao amigo Júlio Coelho, que costuma utilizar bastante esta frase. O que não deixa de ser irónico para quem tem como profissão ser polícia.

Deixando de parte esta pequena brincadeira, o título surge a propósito de um pensamento sobre as qualidades e defeitos da democracia, bem como do seu estado de desenvolvimento no nosso pais e no concelho de Amarante.

De entre os muitos aspectos a considerar para avaliar o estado de uma sociedade democrática, o comportamento do jornalismo é um dos mais importantes. Assim como a forma como o poder político se relaciona com a imprensa.

Depois de ler um conhecido jornal da nosso concelho, na sua edição de 27 de Dezembro deste ano, fui forçado a largar um enorme sorriso perante a fotografia de primeira página de um Presidente de Câmara de Amarante sorridente e aparentemente bem disposto.

Nada que não se lhe reconheça na sua personalidade. Apenas se estranha que tão bem disposta fotografia esteja estampada num orgão de comunicação que há bem pouco tempo o mesmo Presidente de Câmara apelidava de "pasquim" e tratava publicamente com um desdém considerável.

Independentemente da entrevista em si, que deverá ser lida com atenção por todos quantos seguem mais de perto a vida política amarantina, é de registar a mudança de atitude subjacente, que já se vinha sentindo há algum tempo, mas que agora se torna definitivamente clara com quatro páginas que quase enchem por completa a edição semanal do jornal.

Trata-se de uma mudança de atitude do poder político face a um orgão de comunicação, assim como uma mudança de cariz editorial de um jornal sobre a forma como analisa e retrata a sociedade amarantina. De onde terão surgido os factores que levaram a estas mudanças de atitude?

De facto, A Democracia É Fodida. Cada um pode dizer o que lhe apetece, quando lhe apetece. E também em democracia, assim como no futebol, o que hoje é verdade amanhã pode ser mentira. Como é irónico ver no Tribuna de Amarante uma entrevista do doutor Armindo Abreu com destaque de primeira página para as criticas que faz ao doutor Ferreira Torres...

A Democracia é mesmo assim. Imprevisível! E ainda bem que assim é...dá-nos sempre motivos de sobra para intervir...e motivos de sobra para sorrir!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Raposas Velhas


Confesso não gostar muito do título que escolhi para hoje. Mas também depois de tanto tempo de ausência, por mil e um motivos de falta de tempo e alguns mais de falta de inspiração, não vou agora deixar de escrever por causa de um simples título.

É normal, dada a má fama das raposas, que não seja muito agradável escrever sobre elas. As coisas pioram quando elas se tornam mais velhas, quase caducas. Isso pode fazer com que percamos claramente a motivação.

Estes animais são por tradição esquivos, muito pouco sociáveis e donos de mais manhas que um gato de vidas. Enquanto são jovens são capazes de disfarçar todas as suas características mais negativas e vão enganando muita gente pelo caminho. No fundo, vão comendo muitas galinhas.

Quando envelhecem, convencidas desse poder absoluto que pensam ser a experiência, descuidam-se um pouco e perdem a noção da realidade. Por norma, é nesta fase decadente, em que já não conseguem enganar ninguém, que se tornam ainda mais ambiciosas do que sempre foram.

Continuam escondidas, manhosas, á espera da sua oportunidade. Só que disfarçam a ansiedade muito pior. Já é possivel, nas raras vezes em que conseguimos olhar nos seus olhos, perceber o que lhes vai na alma. Por outro lado, o passar do tempo deixa sempre uma história para contar e há recordações de algumas raposas que lhe traçam o perfil, que moldam a forma como olhamos para elas, que nos impedem de acreditar. Ainda bem que não somos galinhas!

Quer dizer, ainda há algumas galinhas por ai. Que se deixam enganar, que fazem muito barulho, que não percebem que aquela raposa já perdeu toda a manha que lhe dava brilho. È claro que os mais desatentos, aqueles que ainda acreditam na força das raposas velhas, serão talvez os primeiros a sofrer na pele o desespero e jogo de cintura descarado de que é capaz uma raposa em fase terminal. Mas cada um é para o que nasce...

Agora a sério, desculpem lá se não perceberam nada. Desculpem se acham este post o mais estúpido da história deste alquimista. Mas apeteceu-me! E já agora, em tom de brincadeira, tentem lá descobrir onde anda uma raposa velha, uma daquelas que já perdeu o bom senso.

quinta-feira, setembro 14, 2006

O Fim Da História

Nos últimos dias ouvi alguém dizer, a propósito do problema da paz mundial, que na altura em que caiu o Muro de Berlim muitas pessoas julgaram que, no que á paz mundial diz respeito, a história tinha terminado. Ou seja, a paz seria um dado adquirido, visto que a democracia e o modo de vida ocidental tinham finalmente caminho livre.

Vários anos mais tarde, o fenómeno do terrorismo, com apogeu no 11 de Setembro, despertou-nos para uma nova guerra, uma nova versão da "Guerra Fria", desta vez com bastantes mais vitimas directas, ainda por cima inocentes. A paz mundial está novamente ameaçada, embora de maneira diferente. Afinal, a história não tinha chegado ao fim.

Caindo num lugar comum, é pois verdade que a história se faz todos os dias. A do mundo e também a pequena história de cada um de nós.

O Fim Da História é por isso uma ilusão, que nos pode levar a descurar o futuro e até a cometer bastantes erros no presente. Se o assunto estiver relacionado, por exemplo, com questões profissionais, somos capazes de pensar com maior ponderação, agir com mais cuidado, sem ser a quente, e somos assim capazes de evitar muitos erros.

Pelo contrário, se aquilo que julgamos ser O Fim Da História estiver relacionado com questões pessoais, estamos condenados a cometer erros atrás de erros. Muitos a tempo de ser corrigidos. Outros sem tempo para isso.

Quando os erros são irreparáveis julgamos sempre que chegou o nosso Fim Da História. Dias mais tarde percebemos que afinal a história está de novo a começar, porque a grande maioria de nós tem a capacidade de se inventar de novo e recomeçar mais um capítulo.

Um livro escreve-se de altos e baixos... de tardes passadas pelo escritor á beira mar...de noites passadas pelo escritor a beber sem parar...cada final de capítulo representa o fim de uma pequena história que logo recomeça na página seguinte...

quarta-feira, agosto 16, 2006

“Faça-se Silêncio…”

Hoje escreve...Bruno Costa! Blogger de Santiago do Cacém, estudante e dono de um dos primeiros blogs que tive prazer de ler. Pena que ande em "silêncio" já há bastante tempo. Mas vale sempre a pena passar em www.cronicazul.blogspot.com.

Quantas vezes não nos pedem silêncio?

Começo este post agradecendo ao Simão por me ter convidado para escrever aqui neste espaço (um muito obrigado!). Devo confessar que me foi difícil encontrar um tema, até porque ultimamente não tenho andado muito inspirado para escrever. No entanto, surgiu-me de repente este tema, ao ver um casal de namorados na rua, enquanto passeávamos… De repente, toda a gente ficou calada e daí surgiu este tema.

Por vezes, quando estamos com os nossos amigos, com os nossos familiares ou até com aquela pessoa especial, ficamos calados… Porquê? É uma pergunta bastante difícil de responder. Por vezes, sentimos essa necessidade, não só para acabar uma conversa que já vai muito chata, mas também para mudar de assunto. Por outro lado, calamo-nos porque não temos nada a dizer.

Quando conheci aquela pessoa com quem estou hoje, o que mais me fascinou foi não ter momentos desses. Na verdade, raramente temos falta de assunto (e pensar que acabei uma relação por causa disso…). O silêncio que nos surge por vezes da alma de outra pessoa leva-nos a um estado superior, deixando-nos ao abrigo do vento e da maré para nos deixar inconstantes e infelizes, subordinando-nos aquela mudez que nos dói cá dentro. Por vezes, mais vale estar calado, mais vale esperar que alguém diga algo. Não é fácil, quando alguém com quem estamos a ter uma conversa só nos dá respostas como "sim", "pois", "é mesmo isso"… Falta algo… Por vezes mais vale submetermo-nos a essa mudez.

Antes de começar a escrever telefonei a uma amiga minha e começamos a falar. Já tinha pensado no tema e reparei que não nos faltava assunto. Aliás, falámos das férias, dos namoricos, das saídas, mas depois o espírito morreu e ficamos num vale profundo onde nem um nem outro proferiam qualquer palavra com receio da imensidão do som que ia sair. Ganhei coragem e disse, em jeito de brincadeira, "então? Não se diz nada…" e a resposta veio de encontro ao que eu queria… "Não tenho assunto".

O que nos falta hoje em dia é o assunto. Por vezes temos tantos segredos que guardamos nesse mesmo silêncio, que nos é impossível falar de algo, porque temos esse receio de deixar soltar alguma ponta do véu preto que se esconde nos mais recônditos espaços da nossa alma.

No entanto, há ainda outros tipos de silêncio. Quando alguém nos deixa, sentimos sempre um silêncio, em jeito de vazio, que nos consome por dentro. Aquela última palavra, aquele último olhar, aquela imagem daquela situação que nos fica na cabeça… e no entanto, nem uma palavra, nem um som… só silêncio…

O descanso, aquela paz da noite que nos obriga a falar baixinho, a quase sussurrar e a deixar perguntas no ar porque não lhes encontramos resposta. Por vezes, o silêncio é magia, é suspense… Por vezes, o silêncio é tudo num momento… por vezes o silêncio é a forma de mostrar que queremos algo, que queremos mais… muito mais, mas não encontramos as palavras para o dizer… por vezes, basta um simples toque nos lábios, um simples abraço para nos levar a essa paz de espírito que nos deixa mudos e quietos… Mas infinitamente tranquilos…

sábado, julho 22, 2006

Anonimato

Anonimato:"qualidade do que é anónimo; sistema de escrever sem assinar."
Os blogs estão na moda. São utilizados das mais variadas maneiras, e até a moda passar, são formas de intervenção de quem os escreve. Há os mais divertidos, os mais cultos ou os mais temáticos, mas todos expressam a opinião do autor sobre os seus interesses.
Também existem clientes da blogosfera que optam pelo anonimato. Enfim, existem anónimos em todas as actividades que conhecemos.
Escrever sem assinar não é uma atitude muito correcta. Pior ainda quando se escrevem coisas potencialmente ofensivas ou quando se escrevem mentiras e imprecisões. Acontece que nos dias de hoje se torna cada vez mais certo que se repetirmos uma mentira vezes sem conta, ela acaba por se tornar verdade.
Neste ponto, chegamos a uma altura em que a idéia generalizada é a de que é boa táctica lançar boatos ou escritas anónimas para intimidar as pessoas e condicionar as suas acções.
Curioso verificar que os mais velhos, com grande dificuldade em lidar com estas coisas da internet, não tem contudo dificuldades em lidar com a escrita anónima e através dela acabam até por não ter qualquer dificuldade em escrever blogs anónimos ou comentários anónimos.
Curioso como por vezes a evolução, neste caso a evolução da comunicação, acaba por se ligar de forma quase perfeita a práticas já bastante antigas.
Ainda bem que a evolução também nos permite coisas bem melhores, como por exemplo termos acesso a uma quantidade de informação enorme de maneira que todos podemos aferir pelo nosso próprio pensamento o que realmente tem qualidade.
O anonimato é um direito que assiste a todos, a qualidade conquista-se...

quinta-feira, junho 15, 2006

Oportunidades Perdidas

Confesso que não me sinto muito motivado para escrever hoje. No entanto, ao pensar em algumas conversas que tive durante a última semana, acabei por me sentar e tentar escrever sobre oportunidades perdidas.

O tema talvez seja mais relacionado com pessoas do que com oportunidades em si. Estas surgem a cada momento, das mais variadas maneiras e em muitos aspectos da nossa vida. Acontece que aquelas que realmente nos interessam aparecem muito poucas vezes, pelo que quando isso acontece não podemos falhar. Ou as encaramos de frente ou então elas passam.

Não podemos falhar porque, se assim for, o nosso tempo passa...o tempo não perdoa, a idade não perdoa, o julgamento do que fazemos é constante e também não perdoa...

Por isso, eu acho que calculismo em excesso é um defeito grave. Mais grave ainda quando pessoalmente não temos capacidade para perceber o tempo em que a nossa oportunidade já passou e não volta mais.

De repente, lembro-me de algumas pessoas que não são capazes de perceber que o tempo não volta para trás. Lembro-me de pessoas que foram calculistas demais sempre que a sua oportunidade surgiu. Lembro-me de pessoas que procuram manter-se constantemente como "reserva de luxo". Lembro-me de algumas pessoas que em determinada altura até procuraram agarrar a sua oportunidade, mas para as quais o destino foi cruel, talvez como castigo pelo excessivo calculismo que sempre demonstraram.

Muitas vezes agarramos oportunidades na altura errada. Se assim acontecer, o que há a fazer é dar o nosso melhor e pensar numa forma de dar a volta por cima. Mas só conseguem dar a volta por cima os que não sofrem de medo, indecisões ou calculismo.

Agarrem a vossa oportunidade! Sejam decididos. Sejam claros nas intenções. Sejam dedicados no esforço. E já agora, não terá a vossa oportunidade ficado para trás há muito tempo?

sábado, maio 20, 2006

Respirar Fundo


Sabem aquelas alturas, durante o dia, em que respiramos bem fundo? Aqueles breves momentos em que inspiramos e em seguida libertamos o ar dos pulmões, deitando para fora o stress acumulado?

Respirar fundo faz parte do nosso dia-a-dia, como defesa, como reflexão, como uma pequena pausa para pensar. Funciona como um pequeno pôr-do-sol, após o qual estamos novamente prontos para o que der e vier.

Há certas alturas em que precisamos de respirar fundo na vida, muito para além de o fazermos apenas diariamente. Temos necessidade de parar, de ficar uns dias longe de tudo, sem telemóvel, sem a familia, sem os amigos, sem os sitios do costume, sem os colegas e as preocupações do trabalho, sem a preocupação com os trabalhos para a escola, sem nenhum tipo de obrigação, sem ter que fazer aquelas pequenas coisas que preenchem o nosso dia-a-dia, desde vestir fato e gravata de manhã até lavar os dentes ao deitar...

Mas hoje não é fácil conseguir isso. Sempre que estamos quase, mesmo quase, a ter algum tempo para reflectir e respirar fundo, acontece alguma coisa que altera todos os nossos planos. Que nos leva a andar ainda mais depressa, com menos tempo, que nos torna cada vez mais ocupados e activos.

Temos que aprender, por isso, a respirar fundo apenas diariamente. Temos que aprender a decidir rápido, com pouco tempo de ponderação, porque as coisas são sempre para decidir e fazer "ontem"! Temos que conseguir fazer as coisas com sentido, mesmo no meio da imensa confusão do nosso quotidiano.

Curioso como o tempo que temos nunca chega para nada, quase chegando ao ponto de pensarmos que dormir é um desperdício de energia. Curiosa a natuteza humana, que faz com que queiramos sempre mais, mesmo quando já temos o suficiente. Curioso pensar que nos vamos sempre queixar de não ter tempo para nada, nem sequer para respirar.

Neste momento, não tenho muito tempo para respirar. Não tenho muito tempo para reflectir. Não tenho tempo para pensar no que quero fazer amanhã, porque o que me pedem para fazer hoje me parece o caminho certo.

Por isso, talvez opte por fazer uma pequena massagem retemperadora e deixe o respirar fundo para mais tarde...muito mais tarde!...

quarta-feira, maio 03, 2006

Mais Amarante


No dia 25 de Abril, Amarante mobilizou-se por causa do seu hospital.

Ficou provado que é possível aproximar as pessoas da política quando os temas realmente lhe interessam e quando a mensagem é passada com senso comum e equilibrio, sem populismos.

Independentemente do futuro do hospital, assunto para o qual não chega um blog inteiro se o formos discutir, todos se juntaram por Amarante! Juntos, com diferentes motivações e com diferentes perspectivas sobre o problema e a forma de o tratar, mas juntos!

Juntos tendo por base uma iniciativa cujo partido impulsionador não realizava nada de tão marcante para a sociedade amarantina há já vários anos. Juntos tendo como base uma idéia de mobilização geral concretizada pelo Eng. Sampaio, com toda a sabedoria, tal qual um verdadeiro dinossauro político!

A manifestação ajudou a clarificar a posição dos diferentes partidos sobre a questão do hospital. Se o PCP, BE e PSD expressaram opiniões claras e fundamentadas sobre o problema, o CDS apresentou um discurso bastante teatral mas vazio de contéudo, enquanto o PS, pela voz do Dr. Armindo Abreu, expôs a céu aberto a sua incapacidade política para não deixar que o Hospital de São Gonçalo perca influência.

Vai ser importante acompanhar os próximos desenvolvimentos, quer pela grande importância que o hospital tem para o concelho e para toda a região envolvente, quer pelos desenvolvimentos políticos que podem vir a surgir em consequência da manifestação e da teimosia do Ministério da Saúde. E já agora, da teimosia do PS local em defender as posições do governo, por mais contrárias que elas sejam aos interesses de Amarante.

O título deste post, Mais Amarante, foi "roubado" do discurso feito na manifestação pelo Carlos Carvalho. Penso que, como ele, todos queremos mais e melhor Amarante. Ninguém vai ficar de braços cruzados perante a aparente passividade de alguns responsáveis.

A manifestação ajudou também a clarificar a posição de todos os amarantinos. Com mais ou com menos Baixo Tâmega, queremos Mais Amarante!

domingo, abril 16, 2006

JSD Amarante

Fui eleito pela primeira vez presidente da JSD de Amarante em 28 de Novembro de 2003.

Ontem, 15 de Abril de 2006, foi eleita a nova Comissão Política Concelhia, liderada pelo Carlos Carvalho.

Até por uma questão de registo, não podia deixar passar esta data. Por um lado, por tudo o que significou para mim ter sido presidente da JSD ao longo destes anos. Por outro, pelo facto de ser agora eleito uma pessoa que muito me ajudou e que muito contribuiu para que a JSD de Amarante esteja um pouco mais forte e melhor preparada para o futuro.

Não sou dado a fazer grandes análises do passado. Chego ao final de um ciclo consciente de que fiz o melhor possível, de acordo com as minhas limitações pessoais e profissionais.

Penso que todos entendemos, em dado momento, que o nosso trabalho não é devidamente reconhecido. Confesso que também senti isso várias vezes, especialmente nos últimos meses. No entanto, também isso nos faz crescer e conhecer os que nos rodeiam. Também isso nos ajuda a tomar de forma mais consciente as nossas opções.

Como qualquer estrutura partidária, a JSD de Amarante tem vindo a passar por fases muito próprias da sua evolução. De praticamente "desaparecida do mapa", renasceu com a presidência do Ricardo Vieira. Quando, em Novembro de 2003 me tornei presidente, sabia que ainda existia um longo caminho a percorrer para que a Jota se tornasse numa estrutura mais autónoma, interventiva e capaz.

Chego ao final do mandato com a consciência de que a Jota está mais forte agora do que estava em 2003. E isso é o mais importante! Tem melhores condições para tornar a sua acção mais visivel e mobilizadora.

Importante ainda é estar confiante de que o futuro está em boas mãos! Nas mãos de um presidente de concelhia e de um grupo de militantes que sei terem espirito de iniciativa, espirito critico, vontade de intervir, força para agir!

Hoje a JSD tem condições para ajudar mais e melhor o partido. E o partido precisa de alguém atento ás necessidades de Amarante e menos concentrado nas lutas hierárquicas internas.

Precisa de alguém capaz de olhar para os confrontos de idéias e personalidades como um meio de o PSD apresentar mais e melhores soluções para Amarante. Precisa de alguém capaz de intervir nos plenários de alma e coração, dizendo claramente o que pensa em seu nome próprio e não em nome de outros. Precisa de maior responsabilização e de mais e melhor trabalho em equipa. Precisa de verdadeira lealdade, na qual se inclui a afirmação clara e simples do pensamento de cada um.

A política autárquica atravessa neste momento, em Amarante e por todo o pais, uma fase de transição.

Mas entendo a fase de transição como um momento para defenir estratégias e formas de actuação de maneira mais ponderada. Não entendo a transição como pondo em causa as pessoas que neste momento tem responsabilidades assumidas. Há muita gente que vai andar por ai, tal qual o Pedro Santana Lopes, mas todos temos alguma facilidade em adivinhar qual o futuro do enfant terrible, por isso...

A Jota de Amarante agora eleita não é, com toda a certeza, de transição! Desejo a todos as maiores felicidades e o maior sucesso. E, se me permitem um concelho muito simples, não desperdicem a vossa oportunidade!

Quem faz parte de um grupo como o vosso, unido e coeso, resistente a telefonemas e boatos, tem a grande possibilidade de deixar marca para o futuro. O fututo é vosso!

sexta-feira, março 17, 2006

Mobilização Jovem

Tenho tentado pensar em alguma coisa para escrever que faça regressar as postagens cheias de subjectividade e onde todos procuram ler nas entrelinhas. Hesitei entre escrever sobre paciência ou alianças estratégicas de curta duração, mas, na última hora, decidi mudar de assunto.

Dentro de dias prometo que voltam as postagens cheias de "segundas intenções".

Hoje vou escrever sobre um tema actual, fruto do que tem acontecido este dias em França e Espanha.

Os jovens franceses estão na rua devido a um projecto de código de trabalho que pode vir a possibilitar o despedimento sem justa causa e sem indemenização, de qualquer jovem até aos 26 anos de idade.

Em França, a taxa de desemprego global é de 9%. A taxa de desemprego nos jovens entre os 18 e os 25 anos de idade é de 20%. O governo crê que esta medida pode diminuir estes números, fruto de uma maior flexibilidade laboral. Os jovens acreditam que não.

Não sei se a opção dos jovens franceses será entre não terem emprego ou terem um emprego mais instável. O que é um facto é que se uniram num protesto gigantesco, com alguns incidentes pelo meio. De novo a França a ter problemas com a sua juventude, depois dos recentes acontecimentos com o "nicho" de jovens de ascendência africana.

Em Espanha, as concentrações de jovens são convocadas por sms. Foram proibidas as famosas noites espanholas ao ar livre, em praças e ruas, cheias de bebidas e diversão. Obrigaram as pessoas a ir para os bares.

Acontece que os jovens não querem ir para os bares, contornaram a lei, e atingiram números impressionantes de mobilização.

Nos dois países, as motivações são muito diferentes. Podemos até discutir a importância de cada uma delas. O facto é que mexeram com a juventude, com as suas expectativas e modo de vida.

Acho bom sinal que os jovens se tenham unido e respondido de forma marcante, mobilizadora e esclarecedora. Com a inclusão de um pouco de responsabilidade e ponderação que só o tempo acabará por lhe dar, está em formação uma geração de futuro!

sábado, fevereiro 25, 2006

William Shakespeare

"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas e aprender que beijos não são contratos, e presentes não são promessas.

(…) E não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai magoar-te de vez em quando e precisas perdoa-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida.

Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida (…) Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa; por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vemos (…)

Aprendes que paciência requer muita prática (…) Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mais isso não dá o direito de seres cruel. Aprendes que nem sempre é suficiente seres perdoado por alguém. Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.

Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em algum momento condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços teu coraçăo foi partido, o mundo năo pára para que o consertes.

E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar para trás. Portanto planta teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.

E percebe que realmente podes suportar… Que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida! (...) E só nos faz perder o bem que poderiamos conquistar, o medo de tentar!"

terça-feira, janeiro 31, 2006

De onde vem tanto pó?

Quando nos deixamos envolver com alguma coisa, é muito comum agirmos por instinto, de forma objectiva, pragmática e determinada.

Tanta determinação pode fazer com que não olhemos á volta para perceber um pouco o que se passa, entender o que os outros andam a fazer e a dizer, entender as razões pelas quais as coisas acontecem.

Entendo que as melhores pessoas são as que não perdem a capacidade de olhar à sua volta, mesmo quando a velocidade dos acontecimentos é vertiginosa. As melhores pessoas são também aquelas que mesmo nas alturas de maiores tempestades, não receiam expressar as suas opções e assumi-las de forma clara.

Disseram-me hoje que as conversas dúbias são perigosas. Não podia estar mais de acordo! Assim como as conversas, também as opções dúbias são perigosas.

Se cada um não tiver coragem de assumir responsabilidades, de assumir opções, de dizer claramente o que pensa, de manter uma linha de pensamento coerente, de revelar capacidade para analisar acontecimentos passados e comportamentos actuais, de perceber quais as opções de futuro que melhor nos servirão, todo o tipo de problemas serão dúbios e caóticos.

E muita gente aproveita-se disso para lançar ainda maior confusão. No meio de tanto pó, em determinado momento é muito dificil saber quem diz verdade.

Por isso prefiro manter-me afastado ao máximo de determinadas situações. Tenho consciência de que nem sempre podemos analisar da melhor forma cada momento, mas esforço-me para que as pessoas percebam as razões que me levam a tomar posição.

Nunca percorri nenhum caminho contra ninguém! E conto não o fazer no futuro. As opções que tomo são baseadas na minha percepção das coisas e não em circunstâncias mais ou menos favoráveis. Na política, como na vida profissional ou na vida pessoal, não faço intervenção para me manter na tona da água. Intervenho de acordo com o que entendo ser o melhor e mais indicado.

E tenho medo do pó! Tolda-nos a visão, desconcentra-nos e deixa-nos maleáveis. Se não o percebermos a tempo, mais tarde é bem capaz de nos aprisionar.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Obrigado por te conhecer

FIQUEI LOUCO, FIQUEI TONTO
MEUS BEIJOS FORAM SEM CONTO
APERTEI-TE CONTRA MIM,
ENLACEI-TE NOS MEUS BRAÇOS
EMBRIAGUEI-ME DE ABRAÇOS
FIQUEI LOUCO E FOI ASSIM.
DA-ME BEIJOS,
DA-ME TANTOS QUE ENLEADO EM TEUS ENCANTOS
PRESO NOS ABRAÇOS TEUS
NÃO SINTA A PRÓPRIA VIDA,
AVE PERDIDA
NO AZUL AMOR DOS TEUS CÉUS.
(shakira)
Ainda bem que tropecei por ti! Ainda bem que te encontrei! Quando julgamos ter todas as respostas, a vida muda-nos as perguntas!

domingo, janeiro 15, 2006

Cavaco Silva

No passado dia 12 o Professor Cavaco Silva passou por Amarante, rumo ao Palácio de Belém.

Durante os minutos em que estive misturado na confusão de gente que apareceu para ver Cavaco, recordei-me de uma noite quente de 1987, em que os meus pais me arrancaram de casa para vir para as ruas de Amarante, festejar a primeira maioria absoluta do PSD.

Noite inesquecível! Na altura era demasiado novo para perceber política, mas a alegria das pessoas, a cara de esperança que todos traziam, nunca me saiu da memória! Inesquecível as buzinas, os gritos de alegria, os abraços, as bandeiras, a romaria para a antiga sede do PSD de Amarante! A atmosfera era contagiante, mais parecia a comemoração de uma qualquer grande vitória desportiva.

Só nos anos seguintes consegui perceber o porquê de toda a esperança que Cavaco incutia às pessoas. Hoje já é dificil lembrar o Portugal de 1985, sem auto-estradas, com muito pouco ensino superior, sem televisão privada, o Portugal do tempo em que ir visitar o Porto ou Lisboa era uma verdadeira aventura.

Cavaco fez, de 1985 a 1995, um novo Portugal. A reforma fiscal, a privatização das empresas públicas, a alteração da lei laboral, a legislação agrária, a comunicação social e a gestão hospitalar, o sistema salarial da função pública, o sistema educativo, a revisão constitucional iniciada em 1987, o clima de optimismo económico, a concertação social, a participação activa na construção europeia, foram algumas das matérias que ajudaram a transformar o país.

Muitos dizem que se não fossem os subsidios europeus, Cavaco nunca tinha conseguido ter tanto sucesso. Considero essa idéia uma visão redutora das coisas. Portugal estava tão atrasado que, como disse atrás, nem conseguimos imaginar. Precisava dos fundos europeus em 1985 como ainda hoje precisa do Fundo de Coesão.

O mérito de Anibal Cavaco Silva está em ter mobilizado os portugueses! Está em ter traçado um rumo para o país, de progresso e desenvolvimento, de esperança! Um rumo que nos fez crescer, que mudou a face de Portugal, que nos trouxe a todos mais e melhor qualidade de vida!

Não é por acaso que o Professor é considerado o melhor primeiro-ministro que já tivemos. Com ele, e apesar de todas as dificuldades de comunicação que lhe apontam, sabiamos para onde iamos, sabiamos o que era importante, sabiamos o que procurava Portugal.

Cavaco Silva não foi perfeito e terá acabado até por ser vitima do seu próprio sucesso. Mas em 1995 legou em António Guterres um pais diferente, mais preparado e mais capaz. E o que sentimos hoje? Sentimos necessidade de "mais" Cavaco Silva... "Atrás de mim virá quem de mim bom fará!"

Também em 1995 teve a coragem de se candidatar a Presidente da República quando era para ele muito dificil. Foi uma atitude que demonstrou o seu sentido de responsabilidade e espirito de missão.

Em 1995 os portugueses cometeram uma grande injustiça. Cavaco devia ter ganho na altura.

Tudo indica que desta vez isso vai acontecer. Cavaco merece. Portugal merece! Todos esperamos dele a competência, o trabalho e o empenho que sempre demonstrou.

A boa moeda está de volta. Viva os politicos competentes!