quarta-feira, agosto 16, 2006

“Faça-se Silêncio…”

Hoje escreve...Bruno Costa! Blogger de Santiago do Cacém, estudante e dono de um dos primeiros blogs que tive prazer de ler. Pena que ande em "silêncio" já há bastante tempo. Mas vale sempre a pena passar em www.cronicazul.blogspot.com.

Quantas vezes não nos pedem silêncio?

Começo este post agradecendo ao Simão por me ter convidado para escrever aqui neste espaço (um muito obrigado!). Devo confessar que me foi difícil encontrar um tema, até porque ultimamente não tenho andado muito inspirado para escrever. No entanto, surgiu-me de repente este tema, ao ver um casal de namorados na rua, enquanto passeávamos… De repente, toda a gente ficou calada e daí surgiu este tema.

Por vezes, quando estamos com os nossos amigos, com os nossos familiares ou até com aquela pessoa especial, ficamos calados… Porquê? É uma pergunta bastante difícil de responder. Por vezes, sentimos essa necessidade, não só para acabar uma conversa que já vai muito chata, mas também para mudar de assunto. Por outro lado, calamo-nos porque não temos nada a dizer.

Quando conheci aquela pessoa com quem estou hoje, o que mais me fascinou foi não ter momentos desses. Na verdade, raramente temos falta de assunto (e pensar que acabei uma relação por causa disso…). O silêncio que nos surge por vezes da alma de outra pessoa leva-nos a um estado superior, deixando-nos ao abrigo do vento e da maré para nos deixar inconstantes e infelizes, subordinando-nos aquela mudez que nos dói cá dentro. Por vezes, mais vale estar calado, mais vale esperar que alguém diga algo. Não é fácil, quando alguém com quem estamos a ter uma conversa só nos dá respostas como "sim", "pois", "é mesmo isso"… Falta algo… Por vezes mais vale submetermo-nos a essa mudez.

Antes de começar a escrever telefonei a uma amiga minha e começamos a falar. Já tinha pensado no tema e reparei que não nos faltava assunto. Aliás, falámos das férias, dos namoricos, das saídas, mas depois o espírito morreu e ficamos num vale profundo onde nem um nem outro proferiam qualquer palavra com receio da imensidão do som que ia sair. Ganhei coragem e disse, em jeito de brincadeira, "então? Não se diz nada…" e a resposta veio de encontro ao que eu queria… "Não tenho assunto".

O que nos falta hoje em dia é o assunto. Por vezes temos tantos segredos que guardamos nesse mesmo silêncio, que nos é impossível falar de algo, porque temos esse receio de deixar soltar alguma ponta do véu preto que se esconde nos mais recônditos espaços da nossa alma.

No entanto, há ainda outros tipos de silêncio. Quando alguém nos deixa, sentimos sempre um silêncio, em jeito de vazio, que nos consome por dentro. Aquela última palavra, aquele último olhar, aquela imagem daquela situação que nos fica na cabeça… e no entanto, nem uma palavra, nem um som… só silêncio…

O descanso, aquela paz da noite que nos obriga a falar baixinho, a quase sussurrar e a deixar perguntas no ar porque não lhes encontramos resposta. Por vezes, o silêncio é magia, é suspense… Por vezes, o silêncio é tudo num momento… por vezes o silêncio é a forma de mostrar que queremos algo, que queremos mais… muito mais, mas não encontramos as palavras para o dizer… por vezes, basta um simples toque nos lábios, um simples abraço para nos levar a essa paz de espírito que nos deixa mudos e quietos… Mas infinitamente tranquilos…