domingo, dezembro 30, 2007

As Coisas Vulgares

Mariza canta:

"As coisas vulgares que há na vida não deixam saudade, só as lembranças que doem ou fazem sorrir"...

"Há dias que marcam a alma e a vida da gente, e aquele em que tu me deixaste não posso esquecer"...

Vale a pena ouvir vezes sem conta.

A receita para ser feliz passa por ter muita saúde e muito pouca memória...mas será mesmo assim? As coisas vulgares não nos deixam saudade e não nos consomem parte da felicidade que procuramos. Também não nos consomem memória.

São as coisas que nos marcam, que nos doem, ou que nos fazem sorrir, que nos deixam saudade e nos fazem ser felizes mesmo quando já não estão por perto. A dor, assim como o prazer, também nos faz sentir vivos.

Porque é possível estar fisicamente perto e emocionalmente longe. Podem passar alturas em que isso parece completamente impossível. Mas a verdade é que o tempo cura tudo, por muito tempo que passe.

Será que passou demasiado tempo? Tempo com memória em excesso?

Apenas ainda não passou o tempo todo que é preciso passar. Mas o tempo nunca se perde.

E no fim de um ano inteiro pode-se remexer nos recantos da memória, ir buscar textos antigos e lembrar o que sentimos na altura, os sitios onde passamos e que nos levaram a escrever, as noites perdidas á procura da memória dos outros ou a tentar perder a nossa própria memória.

 

          

quinta-feira, dezembro 20, 2007

O Comboio Que Ia Parado

1 – O Dr. Abel Afonso, presidente da Comissão Politica Concelhia do PSD, foi recentemente apontado como o próximo candidato do partido nas eleições autárquicas de 2009. Ao que tudo indica, Marco António Costa, eleito presidente da Distrital do PSD do Porto há poucos dias, referiu várias vezes que o seu candidato para Amarante está encontrado na figura do Dr. Abel Afonso, pondo assim de parte a hipótese de apoiar como candidato Avelino Ferreira Torres.

2 – Olhe-se para o lado bom das coisas. O mesmo Marco António Costa, ao tempo das eleições de 2005 e também como presidente da Distrital do PSD do Porto, celebrizou a teoria de que na área politica do partido existiam dois comboios em andamento, pelo que na altura se encontravam em avaliação ambos os percursos de forma a perceber qual o comboio que ia mais rápido. Passado pouco mais de dois anos a atitude mudou de forma considerável, facto que é de saudar, porque apenas os espertos são capazes de mudar de opinião quando percebem que estiveram, ou estão, errados.

3 – Olhe-se para o lado mau das coisas. O objectivo pode ser pôr de parte os rumores do regresso do fantasma de Avelino Ferreira Torres e evitar danos irreparáveis na base eleitoral do PSD de Amarante. Mas será que lançar o nome de alguém a tanto tempo das eleições, por muitos méritos que a pessoa tenha, é uma atitude sensata? Será que lançar o nome de alguém, tendo em conta as recentes eleições da Comissão Politica do PSD de Amarante, é uma atitude oportuna? Será que lançar o nome de alguém, tendo em conta os recentes equilibrios atingidos nos orgãos do PSD de Amarante, não é uma atitude precipitada?

4 – Uma coisa parece certa: apontar o nome de um candidato nas actuais circunstâncias não foi concerteza fruto de inexperiência, em face do curriculo politico de Marco António Costa. Outra coisa parece certa: o percurso do PSD de Amarante rumo a 2009 vai ser muito dificil, tal como tem sido tradição do partido ao longo dos últimos actos eleitorais.

5 – Para bem de Amarante, oxalá deixem andar o comboio de 2009 pelo caminho que não o deixaram fazer em 2005.

 

"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 13 Dezembro 2007

terça-feira, novembro 27, 2007

"Luz e Escuridão"

"Agora tinha pesadelos todas as noites. Não eram exactamente pesadelos, não no plural, pois o cenário era sempre o mesmo. Seria de esperar que, passados tantos meses, estivesse aborrecida e me libertasse daquele cenário...mas o facto é que esse cenário não deixava de me apavorar e só terminava mal acordava aos gritos.

O meu pesadelo nem sequer assustaria mais ninguém. Não havia nada que aparecesse de repente. Não havia mortos-vivos, fantasmas, nem psicopatas. Na verdade, não havia nada. Simplesmente nada.

Apenas um labirinto interminável de árvores cobertas de musgo, tão tranquilo que o silêncio exercia uma pressão incómoda sobre os meus tímpanos. Estava escuro, como o entardecer de um dia nublado, com claridade suficiente apenas para ver que nada havia. Eu atravessava a penumbra a toda a velocidade, sem caminho por onde seguir, sempre à procura...à procura...à procura...sentido-me mais agitada à medida que o tempo passava e tentando deslocar-me mais rapidamente, ainda que a velocidade me tornasse desajeitada...

Depois, a dada altura no meu sonho, sentia-a a chegar, apesar de nunca conseguir acordar antes de ela aparecer...não conseguia recordar-me do que procurava. Apercebia-me de que nada havia para procurar nem para encontrar, de que nunca existira nada, a não ser aquele bosque vazio e desolador e de que nunca mais existiria nada para mim...nada senão o nada...

Era mais ou menos nessa altura que os gritos começavam.

Não prestava qualquer atenção ao sentido em que seguia, percorrendo apenas estradas secundárias, desertas e molhadas, evitando todos os caminhos que me levassem a casa...sem ter para onde ir. Queria voltar a sentir-me adormecida.

Não queria lembrar-me da floresta. Mesmo ao afastar as imagens com um estremecimento, sentia os meus olhos encherem-se de lágrimas e a dor começava nos limites do buraco que se apoderara do meu peito.

"Será como se eu nunca tivesse existido". Estas palavras não me saiam da cabeça. Não passavam de meras palavras, sem som, uma simples impressão numa página. Meras palavras, mas que faziam o buraco abrir-se.

Perguntei-me quanto tempo aquilo poderia durar. Talvez um dia, passados alguns anos, se a dor diminuísse ao ponto de conseguir suportá-la, conseguisse olhar para trás e considerasse que aqueles breves e raros meses seriam, para sempre, os melhores da minha vida. E, se a dor alguma vez abrandasse o suficiente para que pudesse fazê-lo, tinha a certeza de que me sentiria grata pelo tempo que ele me tinha concedido. Mais do que pedira, mais do que merecia. Talvez um dia encarasse tudo daquela forma.

Mas e se aquele buraco não melhorasse? E se os limites em carne viva nunca cicatrizassem? E se a lesão fosse eterna e irreversível?

Tentei firmemente não desmoronar. "Como se ele nunca tivesse existido", pensei com desespero. Que promessa estúpida e impossível de se fazer!

Ele podia roubar-me as fotografias e reaver os presentes que me tinha oferecido; no entanto, isso não fazia com que tudo voltasse a ser como era antes de o conhecer. As provas materiais eram a parte mais insignificante daquela equação. Eu tinha mudado...aliás, o meu interior alterou-se ao ponto de se tornar irreconhecível.

Até o meu lado exterior ficara diferente, a minha cara estava pálida, branca, à excepção das olheiras roxas que os pesadelos me provocavam. Os meus olhos escuros contrastavam tanto com a pele lívida que se eu fosse bonita e vista á distância podia passar por vampira.

Como se ele nunca tivesse existido? Era uma pura loucura. Tratava-se de uma promessa que ele jamais poderia cumprir, uma promessa que fora quebrada no momento em que ele ma fez.

Bati com a cabeça no volante, tentando abstrair-me de uma dor mais insuportável."

sexta-feira, outubro 19, 2007

Memória


Quando será que a memória traz consigo paz e força interior?


Pessoas, coisas, acontecimentos, olhares, frases, palavras, gestos, esquecimentos, músicas, filmes, fotografias, objectos, faces, discussões, sucessos, alegrias, tristezas, momentos marcantes, um beijo, uma paisagem, uma noite, um Natal, um impulso, um abraço, um sorriso, um sacrificio, uma ajuda, um pedido de ajuda, um amigo, uma amiga, uma confissão, uma asneira, uma vitória, uma derrota, um animal, um amor,um livro, um elogio, uma critica, um discurso, um desportista, um clube, uma bandeira, uma escola, um passeio, o mar, um jardim, uma igreja, um jantar, uma viagem, uma prenda, um museu, um professor, uma aula, um espaço, a familia.


Tudo faz memória e recordar um pedaço de nós. Mesmo quando há lembranças que pensamos bem afastadas, de um momento para o outro até o mais pequeno pormenor nos traz ao pensamento memórias apagadas.

Será que alguém, ao escrever as suas memórias ao fim de muitos anos, o faz sempre com alegria, saudade genuína do passado e com um sorriso nos lábios? Será que alguém o faz sem conseguir não chorar?

Será que alguém consegue mesmo medir a forma como os acontecimentos do passado e as memórias que deles se guardam, moldaram a sua personalidade? Até mesmo quando pensamos que foram insignificantes?

Será que apenas ao fim de muito tempo conseguimos lidar com a memória do passado sem querermos voltar atrás no tempo? Será que a memória é dona de cada um de nós?

Como podem memórias difíceis deixarem saudade? E memórias de coisas que sempre nos acarinharam não nos tocarem quando chegam de novo? Será que olhamos para trás apenas da nossa maneira, confundindo memórias passadas com o que vimos no presente?

Será que as memórias não mudam nunca? Será indiferente encontrar de novo uma pessoa ao fim de muitos anos ou apenas ao fim de algumas semanas?

Será que as memórias dependem do ponto de vista de cada um? Da forma como somos felizes no presente?

Será possível substituir memórias?


segunda-feira, outubro 01, 2007

Segundas Oportunidades

"Há uma crise nos partidos que se vem afirmando desde 1989, desde a queda do muro de Berlim, em que se perspectivou que tinha chegado o fim da história e que não eram precisas mais definições programáticas muito claras e que só havia uma maneira de governar. Ao centro e de acordo com determinadas regras de economia liberal de mercado."

A frase é da autoria de Luis Filipe Menezes em entrevista recente, poucos dias antes da sua eleição para presidente do PSD, e tem a capacidade de nos transmitir em poucas palavras uma idéia de qual será o seu comportamento no futuro próximo.

Se o PS tem ultrapassado o PSD pela direita, agora o PSD torna-se capaz de ultrapassar o PS pela esquerda. As directas do PSD e o seu resultado final tem feito alguns mortos darem voltas no túmulo.

O PSD acordou para a dura realidade da eleição directa do seu líder, num periodo em que procurava rever as suas orientações programáticas e em que também se encontra "perdido" no meio de tempos de oposição, onde o partido, claramente, não sabe viver.

Luis Filipe Menezes, goste-se ou não dele, ganhou a legitimidade que os dois últimos presidentes do partido nunca tiveram na realidade. Ganhou com o voto dos militantes, ganhou de forma clara, ganhou numa disputa clarificadora, tem o caminho aberto para que todos fiquemos a saber qual o verdadeiro valor que o seu estilo de liderança possui.

Por outro lado, o PSD entra claramente numa nova fase. Acabou a fase dos congressos, embora tenha ficado patente a gritante falta de organização do partido para eleições directas. Acabou a fase em que os barões e outras pessoas até relativamente afastadas da esfera do partido, punham e dispunham das suas peças de xadrez como muito bem entendiam. Acabou a fase em que não eram os militantes que verdadeiramente escolhiam o seu líder.

Não que se acredite que estes novos hábitos possam chegar rapidamente a todo o partido. Existem ainda dirigentes que vivem da falta de discussão e participação interna para imporem as suas orientações, seja por interposta pessoa ou, quando a altura se torna mais propícia, pelas suas próprias mãos.

Mas o caminho de qualquer partido deve ser o da clarificação, doa o que doer. E deve ser também o da participação aberta e sincera das pessoas, sem condicionalismos e com respeito pela maioria dominante, mesmo que essa maioria esteja na posse de uma segunda ou até de uma terceira oportunidade.

Convém no entanto que todos aproveitem a sua oportunidade, porque se a forma destemida de Luis Filipe Menezes fizer escola, não vai haver mais segundas oportunidades para ninguém. A força de um voto ultrapassa em muito a de uma arma.

sexta-feira, julho 13, 2007

Ausência

Um amigo disse-me um dia que o blog era um sitio que nos servia de apoio para desabafar aquilo que ninguém nos ouve dizer.

Não tenho tinho necessidade de escrever no blog, mas tenho-me sentido sozinho, sem ninguém para me ouvir. Por mais que fale, parece que não há quem compreenda o que sinto.

A palavra "Ausência" do título deste post é uma homenagem...uma homenagem a uma pessoa que me mostrou uma forma diferente de ver as coisas, sem que ela mesmo tenha dado por isso. Digo muitas vezes que nunca sabemos o nosso caminho porque ele é feito a andar. Vamos em frente sem saber para onde vamos, umas vezes a viagem acaba bem...esta que acabei de fazer acabou muito mal.

Sinto agora a ausência de um simples beijo pela manhã, de um simples boa noite...sinto falta daquela pessoa que me prendeu junto à foz do rio Douro, que me prendeu com um sorriso, com a alegria própria de quem não tem medo da vida, que me prendeu pelo carinho que transmitia em cada gesto, em cada beijo, em cada olhar, em cada frase.

Sinto a ausência da distância que era capaz de percorrer por um simples beijo, por um simples pedaço de companhia passado no alto de uma grande paisagem...sinto a falta da força que me dava o simples facto de saber que estava do outro lado uma pessoa com quem podia contar para me divertir, para me esquecer dos problemas diários.

Mas por outro lado, também sinto a ausência da pessoa que eu gostava. Aquela pessoa que agora vejo não pode ser a mesma pessoa que me fez mudar tanto de hábitos e de prazeres. A dureza das palavras contrasta com a palavra certa no momento certo de outrora, os actos descomplexados contrastam com a timidez anterior que a tornavam digna de confiança e de sacrificio. E que a tornavam uma pessoa tão bonita por dentro.

Não sei como alguém é capaz de mudar tanto em tão pouco tempo.

"FIQUEI LOUCO, FIQUEI TONTO
MEUS BEIJOS FORAM SEM CONTO
APERTEI-TE CONTRA MIM,
ENLACEI-TE NOS MEUS BRAÇOS
EMBRIAGUEI-ME DE ABRAÇOS
FIQUEI LOUCO E FOI ASSIM.
DA-ME BEIJOS,
DA-ME TANTOS QUE ENLEADO EM TEUS ENCANTOS
PRESO NOS ABRAÇOS TEUS
NÃO SINTA A PRÓPRIA VIDA,
AVE PERDIDA
NO AZUL AMOR DOS TEUS CÉUS.
(shakira)
Ainda bem que tropecei por ti! Ainda bem que te encontrei! Quando julgamos ter todas as respostas, a vida muda-nos as perguntas!"

Entre aspas está um texto que publiquei neste blog em 23 de Janeiro de 2006. Ainda antes da madrugada junto à foz...já antes desse dia a vida me tinha mudado as perguntas por tua causa. Hoje, este post já com mais de um ano continua bem vivo, porque em cada coisa que dizes penso em novas perguntas que me façam perceber como foi possível chegar a este ponto.

A um ponto em que tudo é tão diferente...a um ponto em que sinto que a pessoa do dia 11 de Fevereiro de 2006 não existe mais... A mudança foi para bem pior. Mas se calhar as pessoas só se revelam quando podem fazer tudo o que querem por elas próprias, não dependendo de ninguém.

Continuo o mesmo, com vontade de desistir mas com medo de o fazer...mas continuo o mesmo, disposto a tudo, menos a magoar-me mais uma vez.

sexta-feira, junho 22, 2007

Mergulhos No Rio

Certo dia Marcelo Rebelo Sousa decidiu mergulhar no rio Tejo, enquanto candidato à Câmara Municipal de Lisboa. Passados muitos anos, vemos outros candidatos a Lisboa andarem pelas ruas de olhos vendados ou a limpar grafitis das paredes, devidamente equipados a rigor.

A forma de fazer politica nas autarquias é muitas vezes bastante divertida e leva os candidatos a situações ingratas, em que são apanhados, por força das circunstâncias, em situações a roçar o caricato que surgem aos nossos olhos como grandes encenações de campanha.

Por muito competente que qualquer político possa ser, sente-se hoje que quando concorre a uma autarquia transmite aquele ar de quem se encontra desfasado do ambiente, desfasado das grandes questões da cidade ou do concelho, dado que estas se apresentam de natureza tão quotidiana que aparentam ser desajustadas das ambições de realização do candidato a presidente de câmara, desde que possua um bocado mais de aura de competência.

Se numa cidade como Lisboa o presidente pode actuar de forma mais política, embora tenha que mergulhar no rio ou limpar paredes durante a campanha eleitoral, em cidades e concelhos mais pequenos isso já não é possível. É necessário um grande contacto com as pessoas, um grande contacto com realidades bem mais "pequenas" quando comparadas com grandes projectos regionais ou nacionais.

Terá sido com essa realidade que Marcelo Rebelo de Sousa apanhou um grande banho de água fria em Lisboa, ele que até na liderança do partido parece ter estado permanentemente debaixo de água, inundado de pequenas coisas para as quais não está destinado.

Como a ele, o mesmo já aconteceu a outras pessoas. Obviamente, quando não nos sentimos bem em algum lado, em primeiro lugar procuramos apoio em alguém que nos ajude a enfrentar o desafio. No entanto, quando o apoio nos falta o que se pretende é arranjar rapidamente uma desculpa para desaparecer de novo para junto de grandes projectos.

Quando se mergulha em qualquer rio é conveniente ir preparado para todas as eventualidades, porque todos os rios tem armadilhas, bem escondidas, disfarçadas de falsas correntes. Falsas correntes que numa altura nos puxam em determinada direcção, levando-nos como que por uma mão segura, mas que transmitem uma falsa sensação de segurança.

É compreensivel que certos candidatos a autarquas se cansem de um ambiente que não lhes é favorável de todo. É compreensivel que aparentem estar perdidos no meio do rio. Já é pouco compreensivel que demorem tanto tempo a perceber que já não há qualquer barco para os apanhar.

quinta-feira, junho 07, 2007

Rumos

O rumo que seguimos em cada momento da vida marca para sempre o que vamos ser no futuro. Certas coisas nunca vão ficar para trás, nunca vão deixar de nos perseguir, de nos fazer sentir mal e revoltados. Mesmo que um dia mais tarde as acabemos por aceitar com naturalidade.

Cada pedaço de orientação tomada deve ser dado com convicção e acreditando naquilo que estamos a fazer, caso contrário mais vale não fazermos nada. Apenas a paixão que pomos em cada coisa que fazemos nos pode fazer felizes. Apenas a paixão que pomos em cada coisa que fazemos nos pode fazer infelizes.

É estranha esta contradição, mas é bem verdadeira. O nosso rumo muda com muita facilidade e as coisas que deixamos para trás não deviam ser tratadas como pedaços estragados do que vivemos. Mas muita gente faz mesmo assim , desdenha o que teve antes, despreza o que de bom conseguiu apenas porque pensa ter encontrado um novo rumo. E estraga com um conjunto de palavras toda a paixão que foi posta nas coisas.

Cada novo rumo que seguimos não pode simplesmente apagar os caminhos que percorremos antes, sob pena de nos tornarmos pessoas horriveis, sem sentimentos, vazias de paixão e de respeito pelos outros.

Um dos rumos mais dificeis a escolher é saber verdadeiramente perceber as pessoas que mais gostamos e nunca as deixarmos fugir, se bem que seja mais fácil dizer do que fazer tal coisa. Um novo rumo, por muito diferente que seja do anterior não deve ser seguido sem deixar bem fechados os caminhos anteriores, sem magoar ninguém e sem dizer que nada do que passou teve alguma coisa de bom que fosse.

"Golpe a golpe, passo a passo.
Caminhante, não há caminho, o caminho é feito ao andar.
Andando se faz o caminho e se você olhar para trás, tudo o que verá são as marcas dos seus passos, que algum dia os seus pés tornarão a percorrer.

Caminhante, não há caminho, o caminho é feito ao andar."

terça-feira, maio 08, 2007

A Verdade Da Mentira

Há pouco tempo, em conversa com alguém a quem contava algumas coisas em jeito de desabafo e me queixava de me terem mentido, a pessoa que conversava comigo respondeu: "se fosse comigo também te tinha mentido com todos os dentes!". Eu engoli a resposta, não liguei muito, e passados alguns dias, a pessoa com quem tinha desabafado mentia-me descaradamente e faltava á minha confiança.

Confesso que ultimamente estou habituado a que isso aconteça. São fases, acredito que sejam apenas fases. Mas são tantos episódios recentes que acredito mesmo quando dizem que neste mundo anda meio mundo a enganar o outro meio.

Todos dependemos uns dos outros em alguma coisa. Em certas alturas dependemos dos outros em termos afectivos, noutras alturas dependemos dos outros por conveniência, por simples oportunidade. Quando acontece este último caso, aprendi que todos usam e abusam da confiança das pessoas, por vezes até mesmo os melhores amigos e as pessoas que mais gostamos.

Aprendi também que os instintos humanos são mesmo incontroláveis e que por vezes a mentira é a única saida para não perdermos o que mais gostamos, ao mesmo tempo que vamos fazendo por fora coisas de que tanto gostamos. Só que a mentira não compensa para sempre...

Quer dizer, achava eu que não compensa para sempre...porque nesta altura o sentimento é o de que mentir recompensa quem o faz. Por outro lado, se há alguma coisa que dá algum conforto é saber que as relações, sejam elas de amizade, profissionais ou afectivas, não duram muito tempo quando baseadas em mentiras ditas ainda antes do primeiro dia.

Também me conforta saber, e agora com algum humor, que a maioria das pessoas que lê este post (para não dizer a totalidade, uma vez que podia estar a mentir), é capaz de se relacionar com os outros com base na sinceridade, honestidade e frontalidade.

Hoje, se tivesse contado tudo aquilo que sei, teria sido um intrometido. Como resisti a ser intrometido, tive que engolir em seco, esquecer a sinceridade que tanto gosto, e calar-me, ficando com a verdade guardada para mim, sem poder ser frontal e honesto. Porque há pessoas que afinal nos conhecem mal e nunca vão ouvir o que lhe dizemos.

Paciência...vão continuar a viver a sua Verdade Da Mentira, enquanto não entenderem que o caminho pode ser outro.

segunda-feira, abril 16, 2007

Abraço da Saudade

"Se não és a escolhida, então porque a minha alma se sente feliz hoje? Se não és a escolhida, então porque a minha mão se encaixa perfeitamente na tua? Se não és a escolhida, então porque o teu coração responde as minhas chamadas?

Se não fosses minha, eu teria forças para continuar? Não sei o que o futuro traz. Mas sei que estás aqui comigo neste momento. Nós superaremos isso. E espero que sejas a tal com quem viverei o resto da minha vida. Não quero fugir, mas não consigo aguentar, não entendo. Se não fui feito para ti, então porque o meu coração diz que sou? Há alguma maneira de ficar nos teus braços?

Se não preciso de ti, então porque estou a chorar na cama? Se não preciso de ti, então porque o teu nome não sai da minha cabeça? Se não foste feita para mim, então porque essa distância perturba a minha vida? Se não foste feita para mim, então porque sonho contigo?

Não sei porque estás tão longe. Mas sei que isso é bem real! Nós superaremos isso! E espero que sejas a tal com quem dividirei a minha vida. E desejo que possas ser a tal com quem morrerei. E espero amar-te toda a minha vida! Não quero fugir, mas não consigo evitar, não entendo!

Porque sinto a tua falta, do corpo e da alma, que fico até sem fôlego. E trago-te até ao meu coração e rezo para ter as forças de me manter aqui hoje. Porque te amo, mesmo sendo certo ou errado. E embora não possa estar contigo esta noite o meu coração estará ao teu lado!

Não quero fugir, mas não consigo evitar, não entendo. Se não fui feito para ti, então porque o meu coração diz que sou? Há alguma maneira de ficar nos teus braços?"

Para uma amiga, com um beijo de saudade do tamanho do mundo...

sexta-feira, março 30, 2007

Perdoar?

Há alturas em que não nos apetece falar, nem escrever, nem nada.

E até muito menos escrever em sítios como este, onde as palavras ficarão, em principio, registadas por muito e muito tempo. E há coisas que só queremos mesmo esquecer. Mas por outro lado, por muito que nos custe, as coisas que nos magoam também nos servem de lição para o futuro.

Perdoar e acreditar podem significar mais ou menos coisas semelhantes. Acreditamos na verdade nua e crua que nos contam? Perdoamos o mal que já está feito porque acreditamos na pessoa que nos deixou magoados?

Não é fácil escolher qual o caminho a seguir. Não será melhor não acreditar e também não perdoar? Isso seria o ideal, simplesmente iríamos varrer da memória todas as boas recordações que lá temos e que nos fazem ter frio quando alguém acaba de trair tudo de bom que se tinha conquistado.

Em tempos alguém escreveu que “o caminho não existe, o caminho faz-se caminhando…”, caminhando ora para a frente, ora para trás. De um lado existem pessoas com expectativas de vida mais estáveis, que sabem o que querem, que são fiéis e leais para com os amigos e as pessoas que gostam. Do outro, estão pessoas que talvez não saibam mesmo o que querem, que andam errando pela vida fora, que nunca estão satisfeitas com o que possuem em cada momento, que erram, que se arrependem, mas que voltam a errar… e ainda pior, erram com atitudes em que ficam claramente a perder com a troca…

Quando somos magoados acabamos por no meio das palavras que se trocam, magoar os outros também. E depois, acabamos por nos arrepender. Uma pessoa magoada, como que numa atitude de autodefesa, acaba por magoar os outros. De facto é muito difícil controlar as emoções, decidir o que é melhor fazer no momento complicado em que a confiança sofreu um abalo enorme.

Talvez perdoar seja o melhor caminho. O mais difícil, mas o melhor. Porque se todos erramos, perdoar é a melhor forma de reconhecermos que também nós já erramos, que também nós não podemos atirar a primeira pedra.

E porque não perdoar acreditando, já que a esperança nunca morre quando se gosta?

sábado, fevereiro 03, 2007

Manipular Emoções

As emoções comandam o mundo, porque comandam todas as pessoas nas acções que tomam na vida, do aspecto pessoal ao profissional. Gerir as emoções é por isso uma condição que qualquer um de nós deverá ter desenvolvido ao máximo para alcançar uma vida equilibrada.

E se gerir as nossas emoções é muito importante, mais importante ainda é conseguir gerir as dos outros. Ou falando de outra forma, mais importante ainda pode ser conseguir manipular as dos outros, no pior sentido que a palavra manipular pode conter.

Por detrás da nossa emoção pessoal, está sempre latente um sentimento de insegurança. Um sentimento que nos leva a gerir emoções de acordo com o que vamos conseguindo fazer das emoções dos outros.

Há pessoas que até estão bem consigo próprias, mas como que por instinto, sabem que amanhã já poderão não estar assim tão bem. Os amores de hoje podem não ser os amores de amanhã. O sucesso escolar ou profissional de hoje pode não ser o sucesso escolar ou profissional de amanhã. A satisfação com o que se faz pode desaparecer no dia seguinte. Durante a noite, qualquer um de nós pode de forma repentina ficar de mal com a vida.

Vai dai, há quem não hesite em gerir amizades e conhecimentos de acordo com as suas conveniências. E que tenha uma forma de gerir as suas amizades bem original, mantendo sempre aberta uma "janela de oportunidade" para uma relação mais chegada ou mais íntima.

A táctica mais usada costuma ser aproveitar qualquer situação para demonstrar à outra pessoa que não gostou desta ou daquela atitude, que devia ter agido de outra maneira, que devia ter tido maior cuidado e pensado melhor, uma vez que qualquer atitude, por mais insignificante que seja, pode pôr em causa uma grande amizade.

Manipula-se uma amizade com um comportamento que mascara em si próprio a tal possibilidade de uma maior aproximação. E muitas vezes acontecem situações em que o manipulador de emoções consegue mesmo pôr em causa toda a forma de vida e cadeia de relacionamentos da pessoa manipulada.

Tudo isto em nome de uma grande amizade, baseada no facto de o manipulador, por uma questão de insegurança, ter absoluta necessidade de manter em aberto uma lista de amizades tão frágil como um castelo de cartas.

Cabe a cada um de nós não ser tão frágil como um castelo de cartas, para que as nossas emoções sejam realmente nossas.

terça-feira, janeiro 16, 2007

"Viagra Empresarial"

No meio de um trabalho escolar sobre Liderança e Gestão de Equipas, encontrei o nome de Leila Navarro, guru brasileira da motivação que é conhecida como o "viagra empresarial" fruto da sua capacidade de motivar plateias.

Não resisto, sem mais palavras, a enumerar as 17 idéias da guru brasileira para que todos possam dar o rumo certo á sua vida.

1) Não tenha medo de ser feliz. As pessoas que têm êxito são as que mantém o equilibrio. A vida não é só trabalho.

2) Dê prioridade a si próprio. Assim terá condições para ser o profissional que quer ser. Se der prioridade ao trabalho perde-se como pessoa: fica doente, sem criatividade, intuição e visão.

3) Esteja atento aos sinais. Se precisa de mais de dez horas para as tarefas, algo está errado. Gostará do que faz?

4) A automotivação é sua. Não ponha as culpas na empresa: o que as organizações têm de fazer é não desmotivar.

5) Memorize três palavras. "autoconhecimento", "autoconfiança" e "auto-estima". Quanto mais se conhece como pessoa, mais se percebe o seu potencial.

6) Evite a "zona de conforto". Não se acomode: não funciona nem na vida pessoal nem na profissional.

7) Lembre-se que perde o poder na hora em que perde o contacto consigo.

8) Esqueça a frase "errar é humano" e adopte a "acertar é humano". O ser humano ou acerta, ou aprende.

9) Não compita, brinque. Brincar é simplesmente participar e não é discutir ou comparar.

10) Quando o "tudo" não é o suficiente, pare. Não viva insatisfeito com os limites.

11) Perceba que a felicidade não são momentos. Está ligada à vida, à energia vital. Se está vivo e saudável, então é feliz.

12) Não se compare com ninguém. Só pode ser pior ou melhor do que você próprio.

13) Fixe este provérbio chinês: "È como é, e como é é perfeito".

14) A diferença das empresas não está no produto, mas nas pessoas. Pessoas felizes confiam mais, produzem mais, são mais ousadas.

15) Quanto mais procurar equlibrio interno, melhor se vai sentir em qualquer ambiente.

16) Invista no seu talento e não nas suas dificuldades. Não adianta querer ser cantor de ópera se toca muito melhor piano.

17) Não se economize. Use todo o seu potencial.

Até parece fácil, não é? Bom 2007!