1 – No próximo fim-de-semana realiza-se o congresso do PSD, na conclusão do processo eleitoral que conduziu Pedro Passos Coelho a uma vitória que legitima totalmente a sua liderança. Com uma percentagem superior a 60%, numas eleições disputadas com quatro candidatos, Pedro Passos Coelho tem finalmente a oportunidade de liderar o PSD com toda a liberdade de quem foi eleito de forma indiscutível.
2 – Para além desse aspecto positivo, as eleições internas tiveram também a virtude dos seus protagonistas serem, em termos gerais, pessoas algo “desligadas” do passado do partido. É evidente que nenhum dos candidatos era um absoluto desconhecido de quem se interesse pelo fenómeno político, mas pelo menos, desta vez, não foram barões a concorrer para a liderança do partido.
3 – E para o PSD, nada melhor do que uma lufada de ar fresco nos seus rostos. Claro que agora falta conhecer em mais pormenor as ideias para Portugal do líder eleito e verificar o prometido comportamento dos candidatos derrotados de apoio e cooperação com a nova liderança. Mas o clima em que decorreram as eleições internas foi globalmente positivo e permite ao PSD olhar para o futuro mais preocupado com o país do que com as suas lutas internas.
4 – De alguma forma, pelo menos no trajecto até ao momento, Pedro Passos Coelho representa um corte com uma certa forma de estar no PSD. Ainda há no partido alguns ilustres intelectuais que se julgam superiores em tudo o que dizem ou fazem. E que mesmo passando pela sua carreira política com erro atrás de erro, julgam até ao fim ser os donos da verdade.
5 – Falta agora verificar se o poder permitirá a Pedro Passos Coelho cumprir a sua principal promessa: Mudar. Porque está à vista de todos que o PSD precisa de mudar. Para já, mudou a liderança nacional com a promessa de um corte com o passado que permita ao partido reconfigurar-se e libertar-se de velhas ideias e poderes instalados.
6 – No futuro, a seu tempo, espera-se que o Partido Social Democrata, desde o âmbito nacional ao local, seja capaz de acolher novos rostos. Novos não necessariamente na idade, entenda-se.
7 – Novos na atitude, novos no comportamento, novos na capacidade de abrir o partido à sociedade civil, novos na capacidade de atrair gente mais capaz e menos interessada em lugares. Novos, que sejam capazes de dar ao partido o essencial que lhe tem faltado: definir uma estratégia que as pessoas percebam tratar-se de algo que vai para lá da simples conquista do poder pelo poder.
"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 8 Abril 2010