segunda-feira, dezembro 22, 2008

Decido, Logo Engano-me!

1A entrevista de Armindo Abreu da semana passada é desde logo interessante por pouco se ler sobre obras concretas ao longo deste mandato. Tão pouco se fala muito do futuro. Ficamos apenas a saber que Armindo Abreu gostaria de concretizar dois projectos: uma casa de espectáculos e a sempre apregoada conclusão da rede de água e saneamento.

2Para além disso, o que motiva Armindo Abreu é a reabilitação da imagem dos políticos. Como exemplo, refere a luta das últimas eleições para travar Ferreira Torres. Na sua reconhecida boa fé, espera-se que o Presidente da Câmara e líder do PS de Amarante não se esqueça que não travou esse combate sozinho. Antes de tudo, o seu grande mérito foi aproveitar a luta do PSD para preservar a sua base eleitoral durante as eleições de 2005.

3 - Com tão poucas referências a obras concretas para Amarante, não admira que Armindo Abreu tenha dúvidas sobre se é ou não candidato em 2009. Mas por outro lado, a entrevista revela aspectos políticos interessantes, que não disfarçam a absoluta necessidade de ser Armindo Abreu o candidato do PS, por falta de alternativas dentro do partido que sejam capazes de ganhar as eleições em 2009.

4Desde logo, o Armindo Abreu que sempre se viu a defender a mais-valia dos que se dedicam à política dentro dos partidos, revela agora uma abertura inesperada para alguém vindo da sociedade civil, isto mesmo depois de admitir que em 2005 se enganou de forma clamorosa na escolha do engenheiro Carlos Silva para a sua equipa.

5 O mesmo Armindo Abreu que reconhece que o PS lhe deu uma liberdade condicionada para escolha da sua equipa, entre outras coisas por causa da representatividade territorial, reconhece na mesma entrevista que é da opinião que o número dois da próxima equipa do PS deverá continuar a ser uma pessoa do centro da cidade.

6Ainda mais interessante é a abordagem ao comportamento da oposição, nomeadamente do PSD. No início, com Luis Ramos a representar o PSD havia um acordo para uma oposição apenas vigilante. Com a saida de Luis Ramos e a entrada de João Sardoeira o PSD passou a fazer guerrilha, mas “agora as coisas estão mais pacíficas”. Logo a seguir, na mesma entrevista, Armindo Abreu quase parece “chamar” por Luis Ramos de volta, afirmando que com ele talvez certos casos como o da GNR não teriam acontecido.

7Interessante este “piscar de olhos” à direita, inserido numa entrevista com muito mais de política do que de obras e projectos concretos. Estaremos todos à espera das próximas decisões de Armindo Abreu para descobrir se ele se volta a enganar.

 

"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 11 Dezembro 2008

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