1 – O rating não é mais do que uma opinião sobre a capacidade e vontade de uma entidade vir a cumprir de forma atempada e na íntegra determinadas responsabilidades. Desta forma, todos temos o nosso rating. A começar pelo Estado, passando pelas empresas, até chegar a cada um de nós, todos somos classificados com base no nosso rating, mesmo que não estejamos conscientes disso.
2 – Quem atribui o rating são as famosas empresas de rating, contra as quais o Ministro das Finanças se insurgiu recentemente por terem diminuído o rating do Estado português, ou seja, por terem considerado que aumentou o risco de Portugal não ser capaz de pagar aquilo que deve. A atitude de Teixeira dos Santos tem óbvia razão de ser, dado que uma diminuição da notação de rating provoca imediatamente o aumento do custo de financiamento do Estado português e por consequência um aumento no custo dos empréstimos de todos os portugueses.
3 – Como se depreende, o poder das agências de rating é enorme. Mas depois de terem falhado redondamente e estarem entre os responsáveis da crise que atravessamos, porque razão continua tudo como antes, mantendo as agências de rating um poder brutal sobre a economia e finanças mundiais? Basicamente, a resposta a esta pergunta encontra-se no facto de todos terem falhado.
4 – Antes das agências da rating, falharam os governos, falharam as entidades reguladoras e de supervisão e falharam as instituições financeiras. Por isso é que aparentemente continua tudo como antes. Numa primeira fase todos se queixaram das agências de rating, responsabilizando-as pela crise, mas tal facto tratou-se apenas de uma manobra política para encobrir responsabilidades, porque tal qual está montado o sistema, não pode viver sem elas.
5 – E não passa sem elas, porque a tarefa de analisar o rating de países, empresas e particulares pelo mundo fora é uma tarefa gigantesca. Só entidades com grande poder de organização e de trabalho conseguem ter uma visão do mercado capaz de descansar os investidores.
6 – Quando um Estado ou uma empresa pede dinheiro emprestado no mercado, os investidores disponíveis para emprestar esse dinheiro não possuem, por si só, capacidade para analisar o risco subjacente ao empréstimo, pelo que a única forma de estarem relativamente seguros do seu dinheiro é basearem-se na opinião das agências de rating.
7 – Aparentemente, parece que as empresas de rating passaram pela tempestade da crise económica conseguindo o feito incrível de não se terem molhado um pouco que seja. Em grande medida, todos continuamos a depender da sua opinião, da sua visão da realidade, da sua capacidade de prever o futuro. O rating do futuro é igual ao rating no passado.
"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 11 Março 2010
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