1 – Expectativa é esperança. É esperar que algo aconteça com base em probabilidades ou promessas. Falar de economia é falar de expectativas. A economia real sofre da baixa esperança e falta de confiança dos consumidores. A economia financeira sofre com medo do futuro por parte dos investidores, que retiram dinheiro dos mercados e aumentam a sensação de insegurança de todos.
2 – A economia real e a economia financeira não vivem uma sem a outra. Há quem defenda que na base de todos os problemas está a facilidade no acesso ao crédito nos últimos anos. Os consumidores respiravam confiança porque o poder de compra parecia não ter fim. Os mercados financeiros, baseados na expectativa de que todos iriam ter poder de compra quase ilimitado para sempre, fundaram os seus princípios em lucros crescentes de ano para ano.
3 - Mas o dinheiro também desaparece. Em algum momento teria que haver uma correcção na economia que devolvesse pessoas e empresas à terra. As pessoas percebem hoje que poupar também é preciso. As empresas entendem finalmente que os lucros não vão crescer para sempre.
4 – Os bancos descobrem que podem falir de um dia para o outro, apesar dos lucros incríveis da sua actividade, e cortam bruscamente no crédito. A indústria automóvel acumula prejuizos, com empresas em risco de falência. A construção civil sofre com a falta de crédito, enquanto procura aumentar a qualidade do que faz. O sistema financeiro acumula perdas e descoberta de fraudes. As pessoas descobrem que a capacidade de poupança é reduzida.
5 – Os Governos desdobram-se em apoios para as empresas e anúncios de retoma do investimento público. O petróleo já esteve 3 vezes mais caro do que está hoje. A taxa de juro está quase a metade do que há cerca de 2 meses. As matérias primas estão hoje muitos mais baratas do que há alguns meses atrás.
6 – Todos estes factores, cuja evolução foi apontada durante grande parte do ano como a causa da crise, já baixaram consideravelmente de preço. O petróleo baixou, a taxa de juro baixou, as matérias primas também e os Governos estão novamente dispostos a investir. Mas a crise continua.
7 – Acima de tudo, uma crise de confiança. Ninguém confia no futuro e os princípios da eonomia de mercado estão fragilizados. Apesar disso, o único caminho viável é a economia de mercado. Só que agora, não há quem tenha expectativas sobre o que ela vai ser no futuro.
"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 31 Dezembro 2008
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