1 – José Sócrates já está em campanha eleitoral e marca a agenda política. Já todos ficamos a saber que quer uma maioria absoluta nas próximas eleições. E por estranho que pareça, ao mesmo tempo que reconhece a recessão em que Portugal se encontra, José Sócrates consegue pedir nova maioria absoluta sem que esse pedido aparente ser contraditório com a realidade do país.
2 – Por outro lado, o Primeiro-Ministro lançou verdadeiramente a questão da data das próximas eleições, assunto ao qual o Presidente da República e a oposição pretendem não dar grande importância face “aos problemas mais importantes que preocupam os portugueses”. Acontece que não é de acreditar que para além de José Socrates todos os outros menosprezem a questão.
3 - A data das próximas eleições é muito importante precisamente por todos os problemas que afligem os portugueses. E realizar as eleições legislativas em separado, ou juntamente com as eleições europeias, ou então com as eleições autárquicas, não é uma questão menor para o país nem para as escolhas que os portugueses vão fazer ao longo de 2009.
4 – Sendo compreensível que o Presidente da República transmita a mensagem que neste momento não está preocupado com o problema, já não se compreende que os partidos da oposição façam de conta que só mais tarde se vão debruçar sobre o assunto. Não se compreende, porque ninguém acredita que assim seja. A oposição está obviamente preocupada com o tema.
5 – Mas para além de preocupada, a oposição também está enfraquecida. Por razões que quase dariam para escrever um livro, está enfraquecida no conteúdo das suas propostas e da sua estratégia, mas também na forma de comunicação e na união das suas tropas. De tal forma que perante mais um problema levantado por José Socrates, parece não ter um juizo formado sobre o assunto ou estar sem coragem de assumir a sua opinião.
6 – Assim, José Sócrates já vai à frente. Já disse que não quer que as eleições legislativas se disputem no mesmo dia das eleições autárquicas, de forma a evitar que se “prejudiquem as democracias locais”. Face a este argumento, o que pensa a oposição? Bem, não sabemos. Diz que em face da crise não é o tempo oportuno para falar do assunto.
7 – Por causa da crise a política fica suspensa? Então seria melhor deixar de fazer qualquer tipo de oposição e esperar tranquilamente pelo início da campanha eleitoral. Ironicamente a crise parece jogar a favor de José Sócrates, que da sua perspectiva não podia arranjar melhor aliado que uma crise assim e uma oposição assim, para pedir nova maioria absoluta.
"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 15 Janeiro 2009
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