1 – A carta aos amarantinos, enviada recentemente pelo candidato do PSD a Presidente da Câmara de Amarante, José Luis Gaspar, focou vários pontos importantes sobre o momento político do nosso concelho. De entre esses pontos, o mais importante será a chamada de atenção para o facto de a liderança do PS e de Armindo Abreu se encontrar em fim de ciclo.
2 – Esse fim de ciclo advém, por um lado, da contagem de anos que leva o poder do Partido Socialista em Amarante, do qual Armindo Abreu é o rosto principal. Por outro lado, advém da própria lei eleitoral, uma vez que mesmo em caso de vitória nas próximas eleições, não será Armindo Abreu o candidato socialista em 2013, por causa da limitação de mandatos.
3 – Desta forma, a chamada de atenção de José Luis Gaspar para o final de uma época em Amarante, assume grande relevância. Nas eleições de 2005 a grande aposta estratégica de Armindo Abreu era a agricultura. Como o tempo se tem encarregue de provar, tal aposta não passou apenas de um chavão lançado para o calor da luta eleitoral, uma vez que não teve aplicação prática na gestão camarária ao longo do último mandato.
4 – Por oposição a Armindo Abreu, que não cumpriu a sua suposta orientação estratégica, José Luis Gaspar apresenta ideias fortes para Amarante, com as quais se compromete. E chama a atenção para o cansaço do PS, que deixou que Amarante perdesse muitas das marcas fundamentais da sua afirmação, ao mesmo tempo que não tem sido capaz de apresentar linhas estratégicas para o futuro do concelho.
5 – Num momento em que se aproxima o fim do ciclo de Armindo Abreu enquanto Presidente da Câmara, para os eleitores vai ser importante avaliar a alternativa que tem rosto em José Luis Gaspar. Mas também vai ser importante avaliar até que ponto não está o PS esgotado nas suas alternativas, seja em termos de novos rostos para a política amarantina, seja em termos de apresentação de um programa eleitoral virado para o futuro.
6 – Assume por isso particular importância o surgimento de Abel Coelho como número dois na lista do PS. Analisando o político, estamos na presença de um rosto do aparelho concelhio do PS, que pode ter a virtude de, por instantes, manter o partido unido em tempo de eleições, mas que não representa nem uma estratégia de continuidade, nem uma estratégia de renovação, uma vez que não parece capaz de se assumir como um rosto que o Partido Socialista possa apresentar para suceder a Armindo Abreu.
7 – Nada poderia ser mais elucidativo do que a escolha de Abel Coelho, para ilustrar que a forte liderança de Armindo Abreu funcionou como um eucalipto dentro do PS. Neste ponto, José Luis Gaspar leva vantagem. É novo mas experiente, representa o início de uma nova fase e não o fim de um ciclo, para além de que protagoniza uma candidatura que mais facilmente pode ser abrangente para lá do aparelho partidário que a suporta.
"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 4 Junho 2009
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