Vejo-te dançar, longe de casa, livre do dia que passou, livre de obrigações, de cigarro e copo na mão, olhos fechados, pensamento perdido na música.
Quando abres os olhos, pedes-me segredo. Eu não te vi. Tu não estavas lá.
Os segredos podem ser descobertos mas não é recomendável que isso aconteça.
Até onde nos transportam os nossos segredos? E os segredos que guardamos dos outros, tantos que até os esquecemos todos?
Hoje não podemos revelar os nossos segredos, porque hoje ninguém está preparado para os ouvir. Ninguém vai entender uma traição, um comportamento inesperado, uma atitude impensada, um amor improvável.
Mas de que vale tanto segredo, se nenhum dos nossos segredos é apenas nosso? Todos são partilhados com alguém, porque o que fazemos e desejamos manter desconhecido, nunca fazemos sozinhos. Há sempre mais alguém que carrega o segredo junto connosco.
Até que um dia mais tarde, quando os segredos de hoje já não nos importarem ser revelados, vamos ser nós próprios a falar deles, desabafando o passado, perdendo os segredos também daquelas pessoas que os partilharam connosco.
Mas hoje não podemos fazer isso. Porque ninguém está preparado para ouvir os nossos segredos. Porque os nossos segredos são a outra face da nossa vida, aquele espaço só nosso, onde só entra quem nós escolhemos.
Mas se de repente entra alguém que não foi uma escolha mas sim um acaso? O nosso segredo perde valor por instantes, porque alguém o partilha connosco muito antes de o termos percebido. E abre-se mais um espaço da nossa alma, há mais alguém que entra.
Um segredo é aquilo que contamos a uma pessoa de cada vez.
2 comentários:
Ha muitos tipos de «segredos»...
Ha os segredos que nos urge apregoar, partilhar, contar desde um 'estranho' a um amigo ou até a um 'companheiro de aventuras'... Ha também aqueles segredos que, com todo o seu peso, também nos urge partilhá-lo com alguém, mas só alguém em quem podemos contar verdadeiramente e confidenciar! E, por «último», temos os NOSSOS segredos; aqueles segredos que nos moem por dentro, que nos chegam a gangrenar a alma e, contudo, não são sequer 'partilháveis'...; como nos pesassem na alma e nos atormentassem não os conseguimos partilhar e, logo, aliviar o que chamaria de «fardo emocional» - esses doem.
Alturas ha em que sinais são enviados, como se de pedidos de atenção e/ou de socorro se tratassem; contudo, niguém os entende, niguém os capta (ou fingem para nem sequer se «darem ao trabalho de») e/ou, quando captados, só ha duas saídas: ou nos acorbardamos e se desconversa, ou desabafamos - mesmo que divagando pois, como o disse, raríssimos são os segredos deste tipo cujo fardo conseguimos/podemos aliviar...
Podemos tentar esquecê-los com o tempo. Mas, desde sempre, o tempo leva e levará o seu tempo a «apagar ficheiros» deste tamanho.
Resta-nos pesar os segredos e, acima de tudo urge, encontrar e ladearmo-nos de bons amigos que connosco possam carregar algumas das nossas penas...
- O 'Anónimo' do costume... -
Amei-o
Custa dizer adeus. Sempre custou. Da primeira vez...da segunda e agora desta. Tudo tão repetitivo. De tal forma que não faz o mínimo sentido manter este ciclo. Será que depois de tantos erros, decepções e tropeções ainda não estarei apta a não voltar a cometer os mesmos erros!
Falar ou silenciar. Opto pelo silêncio. Vezes sem conta caio no impulso de falar. Dialogar para revolver, para entender, compreender e ficar bem. Não, desta vez - que sentimento de impotência quando me deparo com a repetição de sentimentos, pensamentos e maneiras de agir e falar.
Como me condeno por, mesmo sabendo o desfecho de cada palavra minha, continuar incessantemente em busca de uma resolução. Acho que a vida tem-me vindo a mostrar que há coisas que não estão ao meu alcance e que um esforço contínuo apenas piora. Chegou a hora de optar pelo silêncio, aliar-me a ele. Rectifico - Já chegou a hora há muito tempo mas é agora que me vou esforçar mais do que nunca para...o fim.
O fim do sentimento, o fim da expressão do que sinto, o fim de tudo.
Porque mais uma vez errei. Errei por pensar ser capaz de vencer o egoísmo. Presenciei na minha própria pele a incapacidade de alguém ser incapaz de ultrapassar a barreira do "eu" e se envolver pelo "nós". Sei perfeitamente que se o sentimento fosse verdadeiramente recíproco esse obstáculo seria ultrapassado. No entanto...
Com tudo isto sei que o amei. Pela primeira vez amei alguém verdadeiramente. Nunca o tinha referido aqui, propositadamente, pois é um sentimento de tal forma único que não deve ser usado em vão. Todavia, hoje posso afirmá-lo! É uma verdade. Um sentimento do qual só tive certeza no dia em que a perda me provocou uma dor de tal forma grandiosa que a dor ultrapassou a dor física.
Amei-o.
Também nunca lhe disse...será o meu segredo!
Akela tarada k conheces bem...lol
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