1 – Para José Sócrates, as medidas anunciadas pelo Governo no combate à crise económica já são suficientes. Segundo o Primeiro-Ministro não é preciso tomar mais decisões relacionadas com a crise porque o que está feito já serve, é apenas necessário pôr as medidas em prática.
2 – À primeira vista, com tanto alarido ao longo dos últimos tempos, todos pensaríamos que as medidas anunciadas já estavam a ser aplicadas. Mas afinal, o próprio José Sócrates reconhece que não. E perante propostas de Manuela Ferreira Leite que libertariam de forma efectiva a tesouraria das empresas, protegendo o emprego e a sobrevivência de pequenas e médias empresas, José Sócrates muda de assunto.
3 – Portanto está tudo bem. Para o PS já está tudo tão bem que até há tempo para o partido se virar para causas fracturantes como o casamento homossexual e a eutanásia, temas que são os únicos que se prevê virem animar o próximo congresso socialista.
4 – Perante um plano de combate à crise que aposta essencialmente no investimento público em grandes obras e em linhas de financiamento de pequenos montantes para as pequenas e médias empresas, que não libertam a sua tesouraria antes a aprisionam em mais prestações, parece claro que o plano anti-crise do Governo não vai ter efeitos imediatos.
5 – Se é um facto que José Sócrates tem razão quando diz que é melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada, parece claro que as medidas anunciadas terão efeitos diferidos no tempo, o que levará Portugal a recuperar da crise apenas depois dessa recuperação acontecer no resto da Europa. Assim, manteremos as fraquezas estruturais da nossa economia e o Governo do PS ficará marcado por mais uma oportunidade perdida na área económica.
6 – Perante isto, o PS foge de discutir economia. Prefere discutir o casamento homossexual, a eutanásia, ou outros temas mais ou menos fracturantes que não representam nada de significativo para o país. Não pondo em causa a relativa importância destes assuntos, a sua aparição parece mais uma questão eleitoralista relacionada com uma estratégia de captação de votos ao Bloco de Esquerda, do que relacionada com uma profunda convicção do PS.
7 – É um facto que a sociedade portuguesa evoluiu bastante e parece capaz de discutir assuntos para os quais estava completamente fechada há anos atrás. Mas politicamente, para um partido com responsabilidades de Governo, não parece uma agenda particularmente importante discutir causas fracturantes quando o país continua a revelar tantos problemas na economia. E a economia é o que preocupa mais as pessoas.
"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 26 Fevereiro 2009
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