sexta-feira, novembro 10, 2006

Raposas Velhas


Confesso não gostar muito do título que escolhi para hoje. Mas também depois de tanto tempo de ausência, por mil e um motivos de falta de tempo e alguns mais de falta de inspiração, não vou agora deixar de escrever por causa de um simples título.

É normal, dada a má fama das raposas, que não seja muito agradável escrever sobre elas. As coisas pioram quando elas se tornam mais velhas, quase caducas. Isso pode fazer com que percamos claramente a motivação.

Estes animais são por tradição esquivos, muito pouco sociáveis e donos de mais manhas que um gato de vidas. Enquanto são jovens são capazes de disfarçar todas as suas características mais negativas e vão enganando muita gente pelo caminho. No fundo, vão comendo muitas galinhas.

Quando envelhecem, convencidas desse poder absoluto que pensam ser a experiência, descuidam-se um pouco e perdem a noção da realidade. Por norma, é nesta fase decadente, em que já não conseguem enganar ninguém, que se tornam ainda mais ambiciosas do que sempre foram.

Continuam escondidas, manhosas, á espera da sua oportunidade. Só que disfarçam a ansiedade muito pior. Já é possivel, nas raras vezes em que conseguimos olhar nos seus olhos, perceber o que lhes vai na alma. Por outro lado, o passar do tempo deixa sempre uma história para contar e há recordações de algumas raposas que lhe traçam o perfil, que moldam a forma como olhamos para elas, que nos impedem de acreditar. Ainda bem que não somos galinhas!

Quer dizer, ainda há algumas galinhas por ai. Que se deixam enganar, que fazem muito barulho, que não percebem que aquela raposa já perdeu toda a manha que lhe dava brilho. È claro que os mais desatentos, aqueles que ainda acreditam na força das raposas velhas, serão talvez os primeiros a sofrer na pele o desespero e jogo de cintura descarado de que é capaz uma raposa em fase terminal. Mas cada um é para o que nasce...

Agora a sério, desculpem lá se não perceberam nada. Desculpem se acham este post o mais estúpido da história deste alquimista. Mas apeteceu-me! E já agora, em tom de brincadeira, tentem lá descobrir onde anda uma raposa velha, uma daquelas que já perdeu o bom senso.