sexta-feira, março 30, 2007

Perdoar?

Há alturas em que não nos apetece falar, nem escrever, nem nada.

E até muito menos escrever em sítios como este, onde as palavras ficarão, em principio, registadas por muito e muito tempo. E há coisas que só queremos mesmo esquecer. Mas por outro lado, por muito que nos custe, as coisas que nos magoam também nos servem de lição para o futuro.

Perdoar e acreditar podem significar mais ou menos coisas semelhantes. Acreditamos na verdade nua e crua que nos contam? Perdoamos o mal que já está feito porque acreditamos na pessoa que nos deixou magoados?

Não é fácil escolher qual o caminho a seguir. Não será melhor não acreditar e também não perdoar? Isso seria o ideal, simplesmente iríamos varrer da memória todas as boas recordações que lá temos e que nos fazem ter frio quando alguém acaba de trair tudo de bom que se tinha conquistado.

Em tempos alguém escreveu que “o caminho não existe, o caminho faz-se caminhando…”, caminhando ora para a frente, ora para trás. De um lado existem pessoas com expectativas de vida mais estáveis, que sabem o que querem, que são fiéis e leais para com os amigos e as pessoas que gostam. Do outro, estão pessoas que talvez não saibam mesmo o que querem, que andam errando pela vida fora, que nunca estão satisfeitas com o que possuem em cada momento, que erram, que se arrependem, mas que voltam a errar… e ainda pior, erram com atitudes em que ficam claramente a perder com a troca…

Quando somos magoados acabamos por no meio das palavras que se trocam, magoar os outros também. E depois, acabamos por nos arrepender. Uma pessoa magoada, como que numa atitude de autodefesa, acaba por magoar os outros. De facto é muito difícil controlar as emoções, decidir o que é melhor fazer no momento complicado em que a confiança sofreu um abalo enorme.

Talvez perdoar seja o melhor caminho. O mais difícil, mas o melhor. Porque se todos erramos, perdoar é a melhor forma de reconhecermos que também nós já erramos, que também nós não podemos atirar a primeira pedra.

E porque não perdoar acreditando, já que a esperança nunca morre quando se gosta?