domingo, maio 25, 2008

A Tua Mão

A estrada não terminava mais. Parecia caminhar numa direcção estranha, ali tão perto. Mas a viagem não terminava nunca.

A única estrada, que se repetia vezes sem conta. O único caminho, aquele que os pés voltavam teimosamente a percorrer, que encontravam de novo após cada colina ultrapassada.

Não havia porto de abrigo. No meio da viagem, um pequeno espaço bem verde. Não servia. No meio da viagem, um local bem fresco com muita água. Não servia. No meio da viagem, uma boleia de mão dada, quente e passageira. Não servia.

Nada a fazia parar. Não aparecia nada que parasse a viagem para aquele sítio ali tão perto.

Por onde agarrar a paragem naquela luta contra a estrada, contra aquele impulso de não parar nunca? Seria possível sair daquele caminho e procurar no meio da paisagem alguma pedra para se sentar?

As pedras rolavam sem parar pelas margens da estrada.

Até que uma parou. Apareceu e trouxe o espaço com ela, estendeu a mão, quente e disposta a ficar. Aparentemente disposta a ficar.

Mas com tantas pedras a rolar pela margem, porque haveria uma delas ficar parada, disposta a prosseguir viagem pela estrada que não se via o final?

Após cada curva, ela acreditava cada vez mais que sim. Porque acreditar está na razão de quem procura o destino da estrada interminável.

E que outra saida senão acreditar? Pelo menos desaparecia o medo, desaparecia a ansiedade, voltava por momentos a calma de quem caminha sem saber para onde, mas que se sente bem com o caminho tal qual ele é, sinuoso e interminável.

Talvez a estrada se desvie, ficando por perto de casa. E tudo acabe por ficar bem, tal como está agora.

 

2 comentários:

Anónimo disse...

tem cuidado com essa estrada sem saida...mas caminha sem medo! lol!
gostei do texto. bem-vindo de volta senhor "abstracto", gostei! abc. maranus.

Anónimo disse...

Vai um big LAL pa isto tudo...?! É que vai mesmo ter de ir um LAAAAAAAAAL...
Não é necessário nem possível tentar analisar a vida até ao ínfimo átomo... como também é estupidez vivê-la muito superficialmente... Na verdade, ao dar tanto tempo a essa tentativa analítica corremos o risco de um dia «nos» baterem à porta e o nosso nome ser já uma longínqua memória para as próprias paredes da casa...
Lá diz a publicidade: «One life. Live it well...»


um 'anónimo' bem conhecido seu... ;)