terça-feira, novembro 03, 2009

Liquidação Antecipada

1Em todos os aspectos da nossa vida, os momentos em que assumimos responsabilidades futuras são os mais importantes. Particularmente no aspecto financeiro, o momento em que contratamos um crédito pessoal ou um crédito habitação deverá ser uma altura de reflexão sobre a nossa capacidade financeira actual, conjugada com os projectos futuros de cada um.

2 Não é novidade que as decisões financeiras devem ser tomadas tendo em consideração os restantes aspectos da vida pessoal e profissional de cada pessoa, porque estamos na presença de uma esfera da nossa vida que influencia tudo o resto. Por isso, quando precisamos de um empréstimo, antes da preocupação com o valor da prestação, com a taxa de juro ou com os custos associados, devemos pensar sobre a necessidade real do endividamento.

3Por outro lado, é fundamental reflectir sobre o encargo com a prestação ao longo do tempo, assegurando que esse encargo está enquadrado na nossa actual capacidade financeira, pois só assim estaremos minimamente salvaguardados no futuro, o máximo possível a salvo de qualquer imponderável.

4De entre os vários tipos de crédito, o crédito habitação assume especial importância. Em resultado da crise, foi no crédito habitação que mais cresceu o crédito mal parado. Mas, fruto da redução das taxas de juro de referência, é também no crédito habitação que se registam casos de várias famílias que viram os seus encargos mensais reduzidos de forma significativa, gerando até capacidade de poupança adicional ou outrora inexistente.

5Obviamente, estamos na presença de pessoas para quem o encargo mensal com o empréstimo foi contraído de forma equilibrada e sustentada. E agora, que beneficiam de alguma folga no orçamento, são estas mesmas famílias que começam a considerar a hipótese de liquidar antecipadamente os seus empréstimos, precavendo o futuro, que irá trazer novos aumentos na taxa de juro de referência e por consequência nas prestações.

6Falta agora saber se a opção pela liquidação antecipada dos empréstimos será a correcta, principalmente numa fase de taxas de juro em mínimos históricos que permitem que cada prestação paga signifique, de facto, uma amortização do capital em divida muito mais significativa do que anteriormente. Aqueles que agora vivem com encargos financeiros que lhe permitem ter capacidade de poupança, deverão pensar no cenário que preferem para um futuro próximo de regresso anunciado das subidas de taxas de juro.

7 – Deverão ponderar esgotar desde já as suas poupanças, liquidando empréstimos numa fase de taxas de juro extremamente baixas ou, em alternativa, deverão ponderar esperar para ver, resguardando capacidade de decisão e capacidade financeira para um novo enquadramento económico, a surgir provavelmente durante o ano de 2010.

 

"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 22 Outubro 2009

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