segunda-feira, outubro 01, 2007

Segundas Oportunidades

"Há uma crise nos partidos que se vem afirmando desde 1989, desde a queda do muro de Berlim, em que se perspectivou que tinha chegado o fim da história e que não eram precisas mais definições programáticas muito claras e que só havia uma maneira de governar. Ao centro e de acordo com determinadas regras de economia liberal de mercado."

A frase é da autoria de Luis Filipe Menezes em entrevista recente, poucos dias antes da sua eleição para presidente do PSD, e tem a capacidade de nos transmitir em poucas palavras uma idéia de qual será o seu comportamento no futuro próximo.

Se o PS tem ultrapassado o PSD pela direita, agora o PSD torna-se capaz de ultrapassar o PS pela esquerda. As directas do PSD e o seu resultado final tem feito alguns mortos darem voltas no túmulo.

O PSD acordou para a dura realidade da eleição directa do seu líder, num periodo em que procurava rever as suas orientações programáticas e em que também se encontra "perdido" no meio de tempos de oposição, onde o partido, claramente, não sabe viver.

Luis Filipe Menezes, goste-se ou não dele, ganhou a legitimidade que os dois últimos presidentes do partido nunca tiveram na realidade. Ganhou com o voto dos militantes, ganhou de forma clara, ganhou numa disputa clarificadora, tem o caminho aberto para que todos fiquemos a saber qual o verdadeiro valor que o seu estilo de liderança possui.

Por outro lado, o PSD entra claramente numa nova fase. Acabou a fase dos congressos, embora tenha ficado patente a gritante falta de organização do partido para eleições directas. Acabou a fase em que os barões e outras pessoas até relativamente afastadas da esfera do partido, punham e dispunham das suas peças de xadrez como muito bem entendiam. Acabou a fase em que não eram os militantes que verdadeiramente escolhiam o seu líder.

Não que se acredite que estes novos hábitos possam chegar rapidamente a todo o partido. Existem ainda dirigentes que vivem da falta de discussão e participação interna para imporem as suas orientações, seja por interposta pessoa ou, quando a altura se torna mais propícia, pelas suas próprias mãos.

Mas o caminho de qualquer partido deve ser o da clarificação, doa o que doer. E deve ser também o da participação aberta e sincera das pessoas, sem condicionalismos e com respeito pela maioria dominante, mesmo que essa maioria esteja na posse de uma segunda ou até de uma terceira oportunidade.

Convém no entanto que todos aproveitem a sua oportunidade, porque se a forma destemida de Luis Filipe Menezes fizer escola, não vai haver mais segundas oportunidades para ninguém. A força de um voto ultrapassa em muito a de uma arma.

2 comentários:

Anónimo disse...

eu acho que Menezes pode ser uma grande surpresa, o que não quer dizer que vá ganhar tudo o que há para ganhar.

não é tão populista como o pintam...

curisa a referência ás linhas programáticas do partido...acho que isso agora é um processo que vai parar.

Anónimo disse...

Amigo, vamos ver se não regressamos aos tempo do nosso pessimo governo PSD-PP.
É o meu único medo.
De resto, e pelo que o nosso presidente fez saber aqui em Amarante e depois no dia da sua eleição, estamos perante um líder que vai respeitar e tratar as autarquias/freguesias como elas merecem, sendo elas o verdadeiro poder democrático (em teoria, claro) e no qual o PSD se mostra como o partido com mais simpatizantes a nível nacional.
Saudações socias democratas
Pedro Reis (não me registei ainda)