quarta-feira, setembro 09, 2009

Ciência Exacta

1Para mal dos nossos pecados, a economia está longe de ser uma ciência exacta. Antes da crise, a maioria vivia inundada em prestações muito mais altas do que aquelas que suportava no momento em que contratou o crédito, como resultado da subida das taxas de juro.

2Ainda antes dessa subida das taxas de juro, todos sofríamos na pele o aumento vertiginoso do preço dos combustíveis, com grande impacto no rendimento disponível das famílias. O aumento das prestações juntou-se ao aumento das despesas nas bombas de gasolina e o aumento dos combustíveis acabou por se reflectir na grande maioria dos bens de consumo.

3Como que embalados, apenas com a crise financeira internacional acordamos para uma dura realidade. A humanidade no global, e o mundo desenvolvido em particular, há muitos anos que viviam acima das suas possibilidades. Com a crise financeira, chegou o medo, chegaram as expectativas em baixa, mas antes de tudo, surgiu uma fase de difícil acesso ao crédito, que não sabemos quando vai acabar, quer para as famílias quer para as empresas.

4Mas paradoxalmente, a crise financeira internacional trouxe consigo uma baixa significativa no preço do petróleo, uma baixa significativa nos preços dos bens de consumo espelhada na redução da inflação, para além de uma baixa significativa nas taxas de juro. Tudo factores que fazem com que as famílias portuguesas gastem hoje muito menos com os seus encargos fixos do que aquilo que gastavam há poucos anos.

5Gastamos menos com o carro, com a casa ou com os bens essenciais, do que aquilo que gastávamos ainda antes do tempo em que os combustíveis ou a prestação da casa começaram a aumentar. No entanto, hoje como ontem, as pessoas reclamam não terem dinheiro no bolso. No entanto, hoje como ontem, em Portugal não existe capacidade de poupança.

6E agora, que começam a aparecer os primeiros sinais do fim da crise, já está a subir o preço de petróleo. Por outro lado, todos os analistas apontam para uma nova fase de subida de taxas de juro durante o ano de 2010, pelo que está perto do fim o ciclo de prestações baixas que actualmente vivemos. Assim, antes da crise tínhamos pouco dinheiro no bolso e depois da crise vamos continuar a não ter muito.

7 – Pelo menos na economia portuguesa, a única coisa que parece ser exacta é que temos vindo a estimular a economia com benefício principal para os grandes grupos económicos e para os mais ricos. É por isso que uma nova politica de investimentos públicos em grandes obras não serve, pelo menos se considerada de forma isolada, os interesses dos portugueses. Essa politica servirá apenas para “enganar” as estatísticas, porque o dinheiro nela aplicado só chega ao bolso dos portugueses de uma forma muito passageira.

 

"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 27 Agosto 2009

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá
assino por baixo, concordo plenamente com a tua "ciência exata".
Um dos maiores problemas é mesmo cultural, o português habituou-se a "queixar-se" sempre à espera que "alguém" ajude, pensar em soluções... para quê?... alguém apoia.....
Não é assim que o país irá desenvolver. Vamos ver se esta nova geração será diferente (não acredito mas qui ça....)

Bjs
Sónia

Anónimo disse...

A tua ciência exacta...muito bem explicada e sem dúvida cheia de verdade ;)



Alquimia Genética ;)
(http://alquimiagenetica.blogspot.com/)