quinta-feira, abril 04, 2013

Fugir Da Esperança

Quando fugia, olhava para trás e tinha medo do que tinha pela frente.

Mas fugia desesperadamente de algo que não podia controlar, comandar ou apagar. Desesperadamente, sem direcção, sem rumo, sem previsão do que encontrar.

Qualquer lugar seria melhor do que ficar preso dos seus medos, preso ao comandante do seu sangue. Qualquer lugar parecia ter mais sol do que aquele em que se encontrava há vários meses.

Antes, havia calor, tanto como nunca tinha sentido. A vida fervia em sonhos, em momentos de puro prazer, em loucuras da imaginação nunca concretizadas.

De súbito, como uma chuva tardia, tudo se abateu sobre o seu lugar de eleição, tal como uma onde gigante que arrasta tudo que envolve. O espaço ficou frio, vazio, sem sentido. O espaço ficou cada vez mais frio, cada vez mais vazio, cada vez com menos sentido.

Como em todos os lugares, mesmo os mais escuros, havia espaço para a esperança. Mas nunca lhe seria possível ver esperança quando a verdadeira luz teimava em não apagar no seu coração.

A própria força da esperança queimava nos braços, pesava na consciência e tornava tudo ainda mais difícil, mais pesado, totalmente insuportável.

Fugir! É impossível voltar a nascer sem morrer primeiro.

Fugir! Fugir sem saber para onde.

Fugir! Desperdiçar a esperança por causa do coração e não por causa da razão.

Fugir! Nunca é tarde ou cedo para fugir, correr sozinho tentando não olhar para trás!

Fugir! Fugir para não magoar ninguém ficando parado.

Fugir! Fugir do beijo que comanda o seu sangue!

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