quinta-feira, junho 30, 2011

Gritos

Gritos!

Gritos no silêncio que se criou em redor, como uma força que agarra o espirito e impede a revolta.

Gritos pela liberdade de um caminho conhecido, invisível para todos, incompreensível para os outros, mas que se tornou no único possível.

O barulho confunde por dias a constante absoluta de silêncio.

Soltam-se desejos no meio de uma pequena praça, num banco de jardim próximo de guitarras que tocam para gente indiferente, perdida num frenesim de passos sem rumo a caminho do mar. Os dias passam e o barulho persiste, num encanto ilusório da realidade, aquela que emerge diante dos olhos mas não fala ao coração.

Quando parece não haver estrelas no céu é bom olhar e encontrar uma única, num brilho diferente de todas as outras, cujo destino é traçado por palavras distantes.

Gritos, pela realidade de aspirar a viver num outro tempo, mais tardio, mais livre, sem laços que apertam a alma.

Finalmente, a estrela fica ao alcance de um beijo, de um carinho. Subitamente, mais barulho, uma confusão incrível de sentidos, longe da prisão que reina no silêncio. Sitio aconchegado por pequenos desejos, uma ilha deserta  e encantada, no meio do nada.

Nasce o dia, a estrela esmorece lentamente num horizonte cada vez mais claro, onde a luz surge cheia de força, com tanta força, que o silêncio parece de novo o único caminho possível, como se o novo dia fosse um doloroso acordar assim que acaba o barulho.

Regressa a calma.

Cortam-se amarras que seguravam os desejos pedidos, de novo tão distantes.

Silêncio.

Agora, junto com um vazio que fica.

3 comentários:

Anónimo disse...

Até que enfim um texto assim, de volta aos tempos da escrita subjectiva!
Grande texto! Inspirado em quê?
Um abraço
GC

Anónimo disse...

Um bom regresso.
Porta-te bem! :)
Pedro.

Ana disse...

Muito bom! Contudo a indefiniçao do que é bom do menos bom. O sonho mistura-se com a realidade. A busca pela vida que nem sempre é o que parece. Parabéns!!!