1 – Agosto, mês tradicionalmente calmo, acabou por ser bastante animado no que à política amarantina diz respeito, por causa de quatro entrevistas publicadas nos órgãos de comunicação social de Amarante, nomeadamente do Dr. Abel Afonso, ex-presidente do PSD Amarante, do engenheiro Jorge Mendes, actual vereador do PSD, do Dr. Abel Coelho, vereador do PS e da Dr.ª Ercília Costa, líder do PS Amarante.
2 – As entrevistas revelam pontos de interesse diferentes, mas a sua análise final demonstra bem as clivagens existentes em Amarante e as diferenças de perspectiva entre os dois principais partidos do concelho, as quais não são mais do que as mesmas de sempre.
3 – A entrevista do Dr. Abel Afonso, transmitida na Amarante TV, é, por várias razões, absolutamente demolidora. Não só porque, bem vistas as coisas, coloca em causa tudo o que tem sido a estratégia do PSD ao longo dos últimos 10 anos, desde a estratégia política à estratégia eleitoral, mas também porque é por si só reveladora da necessidade e oportunidade que o PSD de Amarante tem presentemente de se “refundar” numa terceira via.
4 – Uma terceira via que permita oferecer a Amarante novos pontos de vista, novas estratégias de desenvolvimento, e que tenha a capacidade de mobilizar rostos com provas dadas na vida profissional e autárquica, desde sempre próximos do partido, mas que nunca tiveram oportunidade de assumir responsabilidades de liderança política. O PSD não pode manter por muito mais tempo pontos de vista e programas eleitorais que são sucessivamente derrotados desde as eleições autárquicas de 2001, aos quais os seus militantes e simpatizantes se tem vindo sucessivamente a agregar, alguns deles sem coragem de os colocar em causa ou de os contestar, naquilo que parece ser um exercício de calculismo absolutamente intolerável.
5 – E nem a aparente letargia do PS deve criar nas restantes forças políticas a ideia de que o ciclo socialista se aproxima do fim. A entrevista ao Jornal de Amarante do Dr. Abel Coelho não é mais do que a reafirmação daquilo que o PS tem vindo a defender para Amarante ao longo dos últimos anos. A entrevista da Dr.ª Ercília Costa, apesar da aparente tentativa de refrescar a imagem socialista, não contém mais do que a defesa da política que Armindo Abreu tem seguido enquanto Presidente de Câmara. Mas apesar de ser mais ou menos consensual que os amarantinos há muito procuram uma alternativa de mudança, não é menos verdade que nunca ao longo dos últimos anos confiaram noutro partido que não o Partido Socialista.
6 – Por muitos ou poucos votos, mais Junta de Freguesia menos Junta de Freguesia, há demasiados anos que é o PS a ganhar, sinal de que por muita bondade que tenham as propostas alternativas, elas precisam de ser revistas e melhoradas, já que é muito pouco provável que rebatendo as mesmas propostas e os mesmos pontos de vista ao longo de mais de 10 anos, alguém consiga chegar de derrota em derrota até à vitória final.
7 – Sinceramente, desde a questão do corte do trânsito no Largo de São Gonçalo, passando pelo debate em torno da Barragem de Fridão, não pode haver melhor espelho do que tem sido o debate político em Amarante. De um lado o PS, com uma visão que se admite estruturada mas muito pouca ambiciosa. Do outro o PSD, com uma visão que se admite ambiciosa mas muito pouco estruturada.
"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante
3 comentários:
Que tareia que o senhor e os seus amigos de betão levaram.
Caso para dizer que esse betão das duas uma: ou tinha muita areia ou meteu água.
Mas parabéns pela coragem.
Como ponto prévio, gostava de esclarecer que neste espaço não há necessidade de comentar anonimamente, pelo menos no que pessoalmente me diz respeito.
Quando se fala de "coragem" não há necessidade de falar em "tareia". Pessoalmente tenho muitas reservas quanto á estratégia que o partido tem vindo a seguir, razão pela qual tinha obrigatoriamente de ter coragem. Sem coragem não há politica.
A política sem ética não é aceitável e sem risco é uma maçada.
Em democracia, quando se tem coragem nunca se apanham tareias. Pior é precisamente não ter coragem.
Um abraço e obrigado pelo comentário.
Não posso também deixar de acrescentar que ter coragem é dar a cara por aquilo em que acreditamos. Sempre!
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